Suicídio, de Édouard Manet, 1877.
“O gesto suicida é um grito desesperado por ajuda.
Se ouvires esse grito então podes ajudar”
(Bill Blackburn, 1982)
Suicídio (do
latim sui caedere), termo criado por Desfontaines, matar-se, é um ato que consiste em pôr fim intencionalmente à própria vida.Define-se suicídio como a atitude individual de extinguir a própria vida, podendo ser causada entre outros factores por um elevado grau de sofrimento, que tanto pode ser verdadeiro ou ter sua origem em algum transtorno psiquiátrico como a
psicose aguda (quando o indivíduo sai da realidade, porém não o percebe) ou a
depressão delirante ou outro
transtorno afetivo. Em todos os três casos, a probabilidade de atitude tão extrema é consideravelmente potencializada se houver uso continuado de
drogas e de
bebidas alcoólicas.
“A autodestruição surge após múltiplas perdas, fragmentos de dias perdidos ao longo dos anos, rupturas, pequenos conflitos que se acumulam hora a hora, a tornar impossível olhar para si próprio.O suicídio é uma estratégia, às vezes uma táctica de sobrevivência. Quando o gesto falha, tudo se modifica em redor após a tentativa. E quando a mão, certeira, não se engana no número de comprimidos ou no tiro definitivo, a angústia intolerável cessa naquele momento e, quem sabe, uma paz duradoura preenche quem parte. Ou, pelo contrário e talvez mais provável, fica-se na dúvida em viver ou morrer, a cabeça hesita até ao último momento, quer-se partir e continuar cá, às vezes deseja-se morrer e renascer diferente."É importante que não nos fiquemos pelas aparências. O aparente bem-estar de um jovem, ou adulto, nomeadamente o viver ‘tudo bem’, podem esconder um grande sofrimento interior, que só uma relação de maior proximidade poderá detectar. Estejamos, pois, atentos à nossa volta, para tentarmos evitar um gesto fatal. Se porventura ele acontecer, devemos interrogar-nos em silêncio sobre o que terá falhado e divulgar os serviços de ajuda já existentes no nosso país, de modo a evitar outras mortes”
Sinais de Alerta que podem conduzir ao suicídio:
1. Dor psicológica intolerável (por falta das necessidades psicológicas elementares)
2. Perda da auto-estima (com incapacidade para aguentar a dor psicológica)
3. Constrição da mente (menos horizontes e menos tarefas)
4. Isolamento (sensação de vazios e de falta de amparo)
5. Desesperança (sensação de nada valer a pena)
6. Egressão (fuga como única solução para acabar com a dor intolerável)
Factores de risco ou facilitadores do Suicídio
Psicopatológicos
1. Depressão endógena, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e distúrbios de personalidade;
2. Modelos suicidários: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos média;
3. Comportamentos suicidários prévios;
4. Ameaça ou ideação suicida com plano elaborado.
Pessoais
1. Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45;
2. Pertencer ao sexo masculino e raça branca;
3. Morte do cônjuge ou de amigos íntimos;
4. Escolaridade elevada;
5. Presença de doenças terminais (HIV, cancro etc.);
6. Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não;
7. Família actual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.
Psicológicos
1. Ausência de projectos de vida;
2. Desesperança contínua e acentuada;
3. Culpabilidade elevada por actos praticados ou experiências passadas;
4. Perdas precoces de figuras significantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos);
5. Ausência de crenças religiosas.
Sociais
1. Habitar em meio urbano;
2. Desemprego;
3. Mudança de residência;
4. Emigração;
5. Falta de apoio familiar e/ou social;
6. Reforma;
7. Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas;
8. Estar encarcerado.
Importa distinguir entre Para-suicídio e Tentativa de suicídio
Para-suicídio
Acto não fatal, através do qual o indivíduo protagoniza um comportamento invulgar, sem intervenção de outrém, causando lesões a si próprio ou ingerindo uma substância em excesso, além da dose prescrita, reconhecida geralmente como terapêutica, com vista a conseguir modificações imediatas com o seu comportamento ou a partir de eventuais lesões físicas consequentes. É no sexo feminino que possui uma maior incidência, isto é, são as mulheres, em especial na sua juventude, que mais adoptam este tipo de comportamento e que está, regra geral, associado a um conjunto de perturbações emocionais, caracterizando-se pela prática de actos que simulam longinquamente a vontade de terminar a vida, mas com a peculiaridade de deixar pistas para que o acto não resulte na própria morte. Infelizmente, este tipo de comportamentos e situações nem sempre é descoberto a tempo de evitar uma morte. Por exemplo, uma adolescente que tomou um "cocktail" de medicamentos para simular e fazer sentir a sua dor, o seu desespero, contando que um familiar chegasse a casa a tempo de a poder transportar ao hospital, mas que, por razões diversas tal não acontece e aquilo não pretenderia passar de um grito de ajuda, transforma-se num suicídio, embora não fosse essa a verdadeira intenção.
Tentativa de suicídio·
Ao contrário do para-suicídio, a tentativa de suicídio é entendida como o acto levado a cabo por um indivíduo e que visa a sua morte, mas que por razões diversas não é alcançada. É o nível de intencionalidade uma dos principais diferenças entre estes actos, sendo na tentativa de suicídio superior. A precipitação propositada de um local bastante alto, pode considerar-se como uma tentativa de suicídio caso não resulte na própria morte, no entanto, é importante referir que é neste quadro que resultam mais incapacitações como consequência da intencionalidade do acto. Dir-se-ia que é um suicídio frustrado.
As Estatísticas
Um amplo espectro da
sociedade trata o assunto sob o véu do
tabu, ou seja: um tema sobre o qual se devem evitar maiores aprofundamentos teóricos ou acaloradas discussões. Talvez essa, seja uma das razões, pelo crescente número de suicídios. O suicídio pode ser considerado um problema de
saúde pública.Em
Portugal em 2003 11,1 pessoas por cada 100 mil morreram por suicídio sendo que a distribuição por género é de 17,1 por 100 mil para os homens e 5 por 100 mil para as mulheres. A taxa de suicídio em Portugal aumentou 100% em dois anos - 2002 e 2003. Os últimos dados revelam que se registaram 1100 suicídios por ano, no país.Portugal passou de cerca de 500 suicídios por ano, no final da década de 90, para 1200, em 2002, e 1100, no ano seguinte. Um aumento de taxa que ultrapassa os 100% o que nos deixa a todos apreensivos e na expectativa de se voltar aos anos negros das décadas de 30 e de 80, altura em que o número de suicídios foi sempre em crescendo.
E Para Si que pensa no Suicídio
Procure imediatamente alguém que o(a) possa ouvir, com quem possa conversar ou que o(a) possa ajudar
Algumas pessoas sentem-se mais à vontade em falar com uma pessoa amiga, outras com um familiar e, em muitos casos, torna-se mais fácil desabafar com uma pessoa desconhecida, por exemplo um terapeuta ou alguém que atende do outro lado de uma linha telefónica de ajuda.
Não tente resolver o problema sozinho(a).
Não hesite em PEDIR AJUDA agora mesmo.Pode contar comigo!