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quarta-feira, 31 de maio de 2023

“Os rituais levam-nos a fazer balanços e a ver o que é preciso mudar, mas não há milagres: é preciso fazer por isso”

A psicóloga, psicoterapeuta e investigadora Maria de Jesus Candeias, um dos membros fundadores da PsiRelacional, aborda os efeitos psicológicos de um ano negro e o valor dos rituais para entrar num novo ciclo com saúde e resiliência



2020 foi um annus horribilis à escala global. Com perdas e ameaças de toda a ordem, colocou as relações humanas à prova, mas trouxe também a possibilidade de nos reinventarmos e de integrar o que vivemos com um novo olhar, mais empático, flexível, ajustando comportamentos

Quando o ano começou, não imaginávamos ter de testemunhar tanto medo, dor e privação social. Para muitos, foi a impossibilidade de velar os seus mortos, para outros, a ausência de suporte na hora de trazer alguém ao mundo, num ambiente asséptico e sem o contacto físico que tinham por garantido. 

A gestão desta nova realidade não tem de ser um processo traumático se houver espaço para falarmos uns com os outros e reorganizarmos emoções e pensamentos 


“A pandemia tirou-nos o chão e começou por ser vivida como um tempo de estranheza e de desorientação”, reconhece a psicóloga Maria de Jesus Candeias. Porém, “a gestão desta nova realidade não tem de ser um processo traumático se houver espaço para falarmos uns com os outros e reorganizarmos emoções e pensamentos”. 

Para muitos, a maior dificuldade consistiu em gerir o dilema psíquico: a saúde ou a relação? Ficar perdido nessa visão dicotómica pode conduzir a defesas menos saudáveis, pela incapacidade de tolerar o que está a acontecer, que se manifestam em posições extremas, do isolamento excessivo à negação da realidade. O desafio é conseguir integrar a atual realidade e ter em mente que a crise é transitória: “O melhor indicador de saúde mental está na capacidade de ajustar atitudes e comportamentos, com flexibilidade, e dar tempo ao tempo, sem rigidez mental.”

Uma das coisas que este ano com sabor amargo trouxe foi levar-nos a repensar os modelos sociais que nos pautam: “O ‘eu quero, eu tenho; eu desejo e acontece’ geram frustração permanente; há que tolerar a frustração e admitir alguma dose de sacrifício.”

Nesta quadra natalícia, com alívio das restrições a que assistimos nos últimos meses, “é preciso relativizar, ter moderação e adiar a gratificação que virá, respeitando esse tempo de espera com responsabilidade e valores, como a empatia.” 

O poder dos rituais

Com o Novo Ano à porta, importa lembrar a importância dos rituais e das celebrações. Podem ser os velórios, “que têm uma função psíquica de expressar a dor”, ou as comemorações que marcam a transição para um novo ciclo, deixando para trás o anterior. “As datas simbólicas que trazem a possibilidade de esperança e de transmutação no novo ciclo, pois o nascimento de uma ação começa no desejo e no pensamento”, diz Maria de Jesus Candeias.

As celebrações e votos de ano novo têm, por isso, uma função securizante e terapêutica, na medida em que constituem âncoras para nos reorganizarmos: “Os rituais levam-nos a fazer balanços e a ver o que é preciso mudar, mas não há milagres e soluções imediatas, é preciso fazer por isso.” 

Depois de um ano trágico que está a chegar ao fim, há um caminho a percorrer e que é feito de pequenos passos, tendo presente que amanhã é outro dia e que tudo é possível. 

Entrevista cedida por Maria de Jesus Candeias ao Programa Conversas com Saúde da Revista Visão


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Psicoterapia de Grupo | Adolescentes e Jovens Adultos- Mentalization Based Group Therapy - VAGAS ABERTAS


 

👉Vagas Abertas:

Grupos de Adolescentes e jovens adultos 5ª feiras 18h45- 20h10

👉Se quiser ser contactada (o) para saber mais informações, submeta o questionário abaixo:

https://forms.gle/qWU42asAxo6AFtio7


É pai ou mãe de um adolescente ou jovem adulto? És adolescente ou Jovem adulto? Tens algum destes Problemas?:

⚡️Problemas Emocionais (alterações graves do humor)-

⚡️Dificuldades nas relações interpessoais (elevada conflitualidade ou medo de te relacionares)

⚡️Problemas no controlo da tua impulsividade

⚡️Problemas do comportamento- autolesivos, suicidários, consumos de substâncias, comportamentos de risco

⚡️Problemas alimentares (anorexia e bulimia)

✅Este Grupo Pode Ajudar-te!

✅A Psicoterapia de grupo baseada na Mentalization Based Group Therapy tem eficácia terapêutica comprovada no tratamento destes problemas.

👉Destinatários: Adolescentes e Jovens adultos (15-25 anos aprox.)

👉Funcionamento dos grupos:

Regularidade Semanal.

Máximo de 9 pessoas / grupo

Preço | 25 Euros por sessão

👉Horários:

Grupos de Adolescentes e jovens adultos 5ª feiras 18h45- 20h10

👉Avaliação Inicial

A entrada no grupo requer uma consulta inicial individual de avaliação prévia para entender quais são as dificuldades e considerar o tratamento mais adequado.

👉Se quiser ser contactada (o) para saber mais informações, submeta o questionário abaixo:

https://forms.gle/qWU42asAxo6AFtio7

👉 Outras informações :

jesuscandeias@gmail.com

Telemóvel ou Whatsapp 00 351 919918225


👉O que é a Terapia baseada em mentalização (MBT)?

A terapia baseada em mentalização (MBT) é um tipo de psicoterapia psicodinâmica, de longo prazo, fundamentada na teoria da vinculação. Assume que uma vinculação desorganizada promove uma falha na capacidade de mentalização.

Mentalizar, é a capacidade de focar e diferenciar entre seu próprio estado emocional e o dos outros. Entender como o estado mental de alguém influencia o comportamento, é uma função cognitiva normal em todos os humanos e que é a base de todas as relações humanas.

No entanto, esta função cognitiva encontra-se limitada em algumas pessoas, que apresentam maior dificuldade em mentalizar sobre si e sobre os outros. Esta dificuldade em mentalizar, é particularmente afetada quando nos encontramos emocionalmente vulneráreis. Quando vivenciamos situações de stress, ou com grande desregulação emocional.

O aprimoramento da mentalização e a melhoria da regulação emocional e comportamental estão no centro do tratamento MBT.

A MBT Permite que os pacientes alcancem os seus objetivos de vida e desenvolvam relacionamentos mais íntimos e gratificantes.

👉Como funciona?

A terapia baseada em mentalização ajuda os pacientes a pensar antes de reagir aos seus próprios sentimentos ou aos sentimentos percebidos dos outros. Com uma capacidade aprimorada de mentalizar, os pacientes não apenas processam seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados de maneira diferente, mas também entendem melhor que os pensamentos, sentimentos e comportamentos de outra pessoa podem diferir de sua própria interpretação.


👉A Terapia Baseada na Mentalização (MBT) tem por objectivo:

Desenvolver a consciência dos participantes sobre os estados mentais em si e nos outros, aumentando a sua capacidade de mentalização.

Dentro do contexto do grupo, isso traduz-se na criação de um ambiente no qual os participantes se sintam seguros, de forma a estimular a curiosidade dos adolescentes sobre os seus colegas, sobre motivações subjacentes e factores que inibem as suas capacidades de mentalização, ajudando-os a responderem de forma diferente, aumentando a sua percepção de autoconfiança.

Isso envolve o desenvolvimento de uma consciência de como os processos pré-conscientes (mentalização implícita), que mantêm a força dos padrões relacionais precoces, podem influenciar os nossos pensamentos e comportamento e tornar essas suposições automáticas explícitas. Essa habilidade ajudará o paciente a evitar interpretar mal o significado de outra pessoa e a responder adequadamente a ela.

O grupo visa fomentar uma curiosidade respeitosa e genuína em compreender as conexões entre sentimentos, pensamentos e ações no aqui-e-agora.


👉O que esperar numa sessão de Terapia MBT

A participação de cada membro no grupo é fundamental para o tratamento próprio e dos outros membros. O terapeuta de grupo lidera o grupo e ajuda os membros a desenvolver uma compreensão da mente e da situação pessoal de cada pessoa.

Durante as sessões de terapia baseada em mentalização (MBT), cada um dos participantes concentra-se nas dificuldades da sua vida actual para melhorar a sua compreensão de si mesmo e dos outros. Ao concentrar-se em tentar compreender os seus próprios pensamentos e sentimentos e os de outras pessoas, a MBT pode ajudá-lo a compreender e controlar melhor seus impulsos, emoções e comportamentos. E isso, vai sem dúvida, ajudá-lo a melhorar o seu relacionamento com as outras pessoas.

Durante o grupo, os participantes são expostos a diferentes pontos de vista e têm a oportunidade de aprender com os outros, receber feedback e apoio. Cada indivíduo traz consigo sua história e carácter, o que contribui para qualquer situação de grupo. Entender isso pode reduzir a confusão entre como somos semelhantes e diferentes das outras pessoas.

No entanto, falar e pensar sobre problemas emocionais pode ser difícil. A pessoa pode se sentir ansioso ao falar em grupo. Por esse motivo, algumas pessoas podem sentir-se pior antes de se sentirem melhor. Porém, o terapeuta do grupo vai estar lá, consigo, para o ajudar a gerir essas fortes reações emocionais.

Para algumas pessoas, participar de uma sessão em grupo pode deixá-las com raiva ou piorar os sentimentos de depressão, ou sentir que estão sendo criticadas por outros membros do grupo.

Pode ser doloroso enfrentar o passado e a verdade, mas isso tem seus limites e o terapeuta que lidera o grupo respeita isso. O terapeuta também tem seus limites sobre o que pode entender e ajudar.

Embora um grupo possa parecer um pouco intimidador no início, muitas pessoas descobrem que, depois de superar essa preocupação, elas realmente são beneficiadas ao compartilhar e encontrar-se com outras pessoas.


👉Eficácia

O MBT é recomendado pelo Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (UK) para o tratamento de pessoas com Perturbação de personalidade Borderline, personalidade antissocial, dependências (emocionais ou de substâncias), perturbações alimentares, e depressão.


👉O que é a Mentalização?

Mentalizar, é a capacidade de focar e diferenciar entre seu próprio estado emocional e o dos outros. Entender como o estado mental de alguém influencia o comportamento, é uma função cognitiva normal em todos os humanos e é a base de todas as relações humanas.

No entanto, esta função cognitiva encontra-se limitada em algumas pessoas, que apresentam maior dificuldade em mentalizar sobre si e sobre os outros. Esta dificuldade em mentalizar, é particularmente afetada quando nos encontramos emocionalmente vulneráreis, quando vivenciamos situações de stress, ou quando temos grande desregulação emocional.

As pessoas em geral, e os jovens em particular, com perturbações emocionais e da personalidade apresentam uma variedade de características e comorbilidade associada, no entanto diferem significativamente na forma como pensam, percepcionam, sentem e se relacionam com os outros.

As maiores dificuldades são caracterizadas por oscilações extremas do humor, imprevisibilidade do comportamento, persistentemente instáveis, auto imagem negativa, relações caracterizadas por desconfiança, com grandes dificuldades na regulação emocional que prejudicam a mentalização.

Estas dificuldades levam frequentemente a comportamentos incongruentes e descontrolados (actos autolesivos, violência, e abuso de substâncias) angustiando o próprio e as pessoas que se encontram a volta dela.

A Terapia Baseada na Mentalização (MBT) considera estes comportamentos desadaptativos como o resultado de uma falha de mentalizar o impacto na capacidade da pessoa de regular os afectos e emoções e que tem em parte as transformações neurológicas temporárias que comprometem a capacidade de mentalizar.

Embora também possa haver uma base genética, a incapacidade de mentalizar geralmente decorre de um apego inseguro a um dos pais ou de problemas de abandono no início da vida.

Se a pessoa não compreende os seus próprios sentimentos e os dos outros, pode ter dificuldade em regular as suas próprias emoções e comportamentos problemáticos, bem como, dificuldade em identificar correctamente os pensamentos e os sentimentos dos outros. A não compreensão da intenção por trás do comportamento de outras pessoas pode levar a responder de forma impulsiva e inadequada, podendo comprometer e dificultar os relacionamentos.


👉Se quiser ser contactada (o) para saber mais informações, submeta o questionário abaixo:

https://forms.gle/qWU42asAxo6AFtio7

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Perturbação Obsessiva- Compulsiva



É uma perturbação muito frequente (segundo alguns estudos, é a 4ª perturbação psicológica mais frequente, afectando 1 em cada 40 adultos), mas com contornos muito individualizados - cada caso é um caso - e, por isso, difícil de explicar em poucas linhas.

De uma forma genérica, trata-se de uma perturbação da ansiedade caracterizada por obsessões e compulsões.

As obsessões são pensamentos e imagens, intrusivos e indesejados, que a pessoa sente que não consegue controlar, e que a fazem sentir-se extremamente ansiosa.


As compulsões são comportamentos ou actos mentais repetitivos e rígidos que acabam por ser protectores na medida em que, de uma forma algo mágica, fazem baixar a ansiedade logo após terem sido executados.

A obsessão compulsiva caracteriza-se pela presença de ideias, de imagens ou de impulsos recorrentes, não desejados, invasores que parecem sem sentido, estranhos, indecentes ou aterradores (obsessões) e, ao mesmo tempo, uma urgência ou uma compulsão para fazer algo que liberte da incomodidade causada pela obsessão.


Podem existir pacientes que só apresentem obsessões sem que passem ao acto, ou seja, que executem rituais compulsivos.


Os temas obsessivos omnipresentes são o dano, o risco ou o perigo. Entre as obsessões mais frequentes estão as preocupações pela contaminação, pela dúvida, pela perda e pela agressividade.

Caracteristicamente, as pessoas com uma perturbação obsessivo-compulsiva sentem-se impulsionadas a efectuar rituais (actos repetitivos, com um propósito, intencionais).

Os rituais utilizados para controlar uma obsessão incluem lavar-se ou limpar-se para se libertar da contaminação, verificações repetitivas para suprimir as dúvidas, guardar as coisas para que não se percam e evitar as pessoas que pudessem ser objecto de agressão. De um modo geral, os rituais consistem na lavagem excessiva das mãos ou na verificação repetitiva para se assegurar de ter fechado a porta. Outros rituais são mentais, como o cálculo repetitivo ou fazer afirmações para diminuir o perigo.
A obsessão compulsiva é diferente da personalidade obsessivo-compulsiva.

As pessoas podem ter uma obsessão por qualquer coisa e os seus rituais não estão sempre ligados de forma lógica à incomodidade que se tenta aliviar. Por exemplo, uma pessoa que está preocupada com a contaminação pode ter sentido alívio uma vez ao ter metido casualmente a sua mão no bolso. A partir desse momento, cada vez que surge uma obsessão relacionada com a contaminação, introduz repetidamente a sua mão no bolso.

Em geral as pessoas com perturbações obsessivo-compulsivas estão conscientes de que as suas obsessões não reflectem riscos reais.
Reconhecem que o seu comportamento físico e mental é excessivo ao ponto de chegar a ser insólito. Porém não conseguem alterar o rumo dos seus pensamentos. Daí a diferença entre a obsessão compulsiva e as perturbações psicóticas, nas quais as pessoas perdem contacto com a realidade.

A obsessão compulsiva afecta cerca de 2,3 % dos adultos e acontece aproximadamente com a mesma frequência nas mulheres e nos homens.
Como as pessoas afectadas por esta perturbação temem a vergonha de serem descobertas, realizam, com frequência, os seus rituais de modo secreto, embora estes lhes tomem várias horas por dia.
Cerca de um terço das pessoas com uma obsessão compulsiva encontra-se em estado depressivo quando se diagnostica a perturbação. No conjunto, dois terços sofrem de depressão em algum momento.

Tratamento


A Psicoterapia revela-se de grande eficácia para as pessoas com obsessão compulsiva.
Por vezes numa fase inicial pode ser necessária uma combinação da psicoterapia com a farmacoterapia.

O problema destes pacientes muitas vezes é acreditarem que sozinhos conseguem controlar a situação, dominar os seus próprios pensamentos, acabando por deixar arrastar a situação durante vários anos, e só nos chegam muitas vezes, em extrema gravidade, quando perderam o controlo total sobre as suas vidas e percebem que já não conseguem funcionar, ou quando alguém os obriga a pedir a juda!


Um caso
O cliente estava desesperado. Ao longo dos anos em que durava o problema, apesar de alguns períodos em que parecia que melhorava, o facto é que a situação, gradualmente, se agravava e, nesse momento, tinha, já, proporções assustadoras.A sua qualidade de vida tinha baixado bastante: cada vez mais isolado e cada vez mais impossibilitado de se conseguir organizar no tempo. As suas obsessões perseguiam-no dia e noite.
Os seus comportamentos compulsivos eram vistos como bizarros pelas pessoas que o rodeavam, determinando o seu progressivo afastamento e um sofrimento grande por se sentir incompreendido e estranho. O tempo que era consumido em hospitais e a fazer análises roubava-lhe a possibilidade de investir o seu tempo de uma forma útil e agradável. A sua grande obsessão era ser contaminado pelo vírus HIV, ou por alguma outra doença grave. Além do sofrimento diário com estas ideias obsessivas, os seus comportamentos compulsivos eram muito visíveis e consumiam muito tempo: Ia quase diariamente às urgências do Hospital, com sintomas diferentes, para que lhe fizessem análises. Por vezes intercalava com análises em clínicas privadas, para confirmar que estava contaminado. O seu lado "mais saudável" permitia que reconhecesse a irracionalidade do seu comportamento, mas o medo era mais forte e não conseguia evitar as suas idas ao hospital.
Quando nos conhecemos, numa urgência, não dormia há mais de 48 horas, não comia há algum tempo, vivia completamente isolado no seu quarto, e o trabalho há mais de um mês que tinha entrado de baixa médica. ..Impossível descrever aqui tudo. De tal forma, que o seu comportamento diário se tornava muito estranho para quem o via e era motivo de permanente ansiedade e sofrimento. Dada a complexidade deste caso, foram precisas 24 sessões para que a normalidade voltasse a instalar-se na sua vida. Mas houve um final feliz: ficou bem!

Fique bem! Não deixe que o seu sofrimento se arraste! Contacte-me!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Supervisão Clínica

 



A supervisão de casos clínicos é considerada como um dos três pilares da formação de um psicoterapeuta, juntamente com a própria psicoterapia e o estudo de textos.

A carreira de psicólogo exige um investimento permanente na formação e na actualização de conhecimentos teóricos e práticos, para poder dar resposta aos desafios da profissão de modo competente.

Pelo que, a supervisão clínica em psicologia se assume como um processo fundamental para a formação teórico-prática dos psicólogos, e em especial daqueles que pretendem ou exercem em contexto clínico e desejam especializar-se em psicoterapia.

De um modo geral, a supervisão clínica em psicologia é definida como um processo de ensino e de aprendizagem, de relação formal e colaborativa entre supervisor e supervisando, com vista ao desenvolvimento de competências terapêuticas essenciais para o exercício pleno da prática clínica.

supervisão clínica tem como objetivo desenvolver competências de reflexão clínica, tomando como base os casos clínicos acompanhados, bem como melhorar capacidades relacionais específicas, essenciais para o estabelecimento de uma boa relação terapêutica.

Qual a importância da Supervisão Clínica em Psicologia?

A supervisão clínica em psicologia constitui um elemento essencial para a boa prática clínica, favorecendo a interligação entre a teoria e a prática, permitindo a adequação da atitude do Psicoterapeuta às necessidades específicas de cada paciente, em contexto clínico. Neste sentido, o principal objectivo da supervisão passa pelo desenvolvimento de competências profissionais, de habilidades terapêuticas, e de princípios éticos e interpessoais do papel do terapeuta na intervenção clínica.

Modalidades de supervisão clínica em Psicologia

A supervisão pode ser:

-Individual. Tem uma duração de cerca de 50 minutos

-Em grupo. O grupo constitui-se quando há 2 ou mais supervisandos, até 4 elementos preferencialmente.

Uma supervisão de grupo tem uma duração variável, consoante o número de elementos que o integra, uma vez que, cada participante tem cerca de 25 minutos para expor as suas dúvidas e casos que acompanha. Nesse período de tempo, cada elemento pode expor mais de uma vez os seus casos e dúvidas, de forma rotativa e equitativa entre todos.

A Supervisão Clínica pode ser presencial ou online

 A modalidade online (videoconferência) favorece a interação e acessibilidade ao supervisor a qualquer momento, o que por si só também fortalece a relação com o supervisor. Esta modalidade mantém a mesma qualidade e regras que a presencial.

Como devo escolher um supervisor?

O supervisando deve fazer a escolha do seu supervisor a partir de um processo de identificações. Deve identificar-se quer com o perfil do supervisor, quer com a abordagem teórica profissional que este utiliza, pois estas identificações serão essenciais para manter a sua motivação e para alcançar um resultado satisfatório.

Saliento ainda, a importância da selecionar um supervisor credenciado. A supervisão deve ser dada por um psicólogo especialista em Psicoterapia, com mais de 7 anos de prática clinica e com grande conhecimento teórico-científico. É igualmente importante a ligação do supervisor a uma Associação/Sociedade na área da Psicologia ou Psicoterapia, enquanto formador, pois isso confere-lhe além da qualificação, a habilidade para o processo de ensino.

Maria de Jesus Candeias, Psicoterapeuta e Supervisora Clínica


terça-feira, 8 de novembro de 2022

Quando é que a ansiedade se torna uma doença?

A ansiedade é uma emoção normal que existe em todos os seres humanos e de extrema importância para a sobrevivência.

É com a ansiedade que nós aprendemos a proteger-nos dos perigos fisicos e psicológicos.

Ficamos ansiosos quando antevemos o perigo de sermos assaltados, agredidos física ou verbalmente, dos nossos filhos serem atropelados na rua, entre muitas outras situações em que a ansiedade nos impele a preservar a integridade.

Portanto, a ansiedade é uma emoção reguladora da sobrevivência da espécie e como tal através da sua acção o ser humano aprende a defender-se do perigo. Esta é a função normativa da ansiedade, que, se estiver regulada(uma ansiedade normativa) desaparece rapidamente e, actua sobretudo como estimulante, ou seja, o ser humano precisa de manter níveis de ansiedade normais, para que consiga efectuar tarefas de qualquer natureza.

Quando o homem deixa de conseguir regular a ansiedade é porque ela se tornou patológica, logo fora do controlo da pessoa. Pode ter niveis de ansiedade elevados ao máximo,como pode não possuir qualquer ansiedade normal, que seja geradora de algum tipo de trabalho ou actividade. Em ambos os casos falamos de patologia.

O que é que causa a ansiedade?

As dificuldades da vida são normalmente o factor desencadeante da ansiedade patológica e nos casos agudos da angústia.

Além disso as dificuldades pessoais de inserção na sociedade, os conflitos internos do domínio afectivo, emocional e sexual podem conduzir a uma sintomatologia ansiosa.

As investigações indicam que toda a pessoa que sofre de ansiedade grave tem um profundo sentimento de desamparo psíquico oriundo de relações parentais pouco seguras ou de uma insegurança total, portanto, o que subsiste é o sentimento de desamparo e sentimentos depressivos.

Há relação entre ataque de pânico, fobias e ansiedade?

Claro que há. A fobia é um medo irracional de um objecto/animal ou situação. Os ataques de pânico são uma manifestação aguda de angústia sem causa aparente declarada, que podem paralisar um indivíduo através da sensação de asfixia ou medo de morrer. Todo este conjunto de sintomas não são mais que expressões diferentes de ansiedade.

Há alguma relação entre ansiedade e depressão?

A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está associada às alterações de humor e aos estados depressivos.

Podemos assim dizer que todas as pessoas que sofrem de depressão têm graus mais ou menos intensos de ansiedade, assim como quem sofre de ansiedade está deprimida ou em vias de deprimir.

Quais são os sintomas da ansiedade grave?
A ansiedade é acompanhada de vários sintomas físicos:
  • aceleração respiratória,
  • alteração do batimento cardíaco,
  • xixis frequentes,
  • diarreia frequente,
  • desfalecimento das pernas,
  • palidez,
  • contracção ou relaxamento do musculo facial,
  • sudação das palmas das mãos ( resposta galvânica da pele),
  • sudação de todo o corpo,
  • sensação de vertigem.
 Como é que a ansiedade evolui de normal para patológica?

Quando a pessoa já não consegue controlar as emoções e sente-se num estado de ansiedade generalizado, ou seja, em todas as situações da sua vida quotidiana. As emoções descontrolam-se, o cérebro deixa de produzir neurotransmissores e a ansiedade instala-se impedindo a pessoa de funcionar. Aparecem as mais diversas fobias, ou ataques de pânico, geradores de um desconforto enorme.

  O que é e como se manifesta a ansiedade generalizada?

A Ansiedade Generalizada manifesta-se por um estado de tensão, duma inquietude permanente, sem que algum acontecimento exterior o possa explicar. São pessoas que estão permanentemente em sobressalto e sofrem com isso. O sintoma-chave é uma ansiedade ou um medo não realista, e excessivo, face a acontecimentos futuros.

As queixas somáticas são: dores de estômago, dores de cabeça (cefaleias), diarreia, suores e transpiração excessiva, vertigens.... Esta psicopatologia torna-se um handicap porque torna a vida complicada e difícil de ser vivida, nomeadamente no quotidiano, no trabalho e nas relações pessoais.

  Estima-se que a sua prevalência seja de 3 a 7%, com uma incidência mais elevada nos filhos mais velhos e nos filhos únicos. São pessoas muito conscienciosas e que têm necessidade de serem tranquilizadas permanentemente.

A ansiedade generalizada evolui para doença: transforma-se em fobias e obsessões /compulsões.

Tratamento da ansiedade

  Sofrer de perturbação da ansiedade não é nenhuma banalidade nem uma fatalidade.

Os tratamentos para cada tipo de ansiedade variam e são estabelecidos em função da natureza do problema (fobias, obsessões, pânico, etc.) e estabelecidos em função da personalidade do sujeito que as sofre.

  Podemos encontrar ansiedades que se exprimem por outros tipos de sintomas como por exemplo, no caso de homens com ejaculação precoce, ou com impotência sexual, ou casais que há muito tempo tentam ter um filho, etc., depois de se terem realizados os despistes e exames médicos necessários, e ter-se verificado a ausência de efeitos fisiológicos, verifica-se que a ansiedade e a perturbação emocional são um factor enorme e responsável, na manutenção dessas dificuldades.

Ou ainda, pessoas que encontram no álcool, ou nas drogas, um escape para verem as suas angústias e preocupações aliviadas, e acabam por entrar num esquema traiçoeiro onde num primeiro momento as utilizam como qualquer coisa que ajuda a ficar mais calmo e que até dá prazer, mas mais tarde num esquema de dependência.

 Os exemplos podem ser vários, mas o importante a saber é que, uma grande parte das ansiedades patológicas são curáveis, outras serão susceptíveis de melhoramentos consideráveis que permitem, na generalidade, devolver às pessoas uma vida normal.

  O tratamento é combinado em algumas situações, ou seja, com terapia medicamentosa ansioliticos e antidepressivos e psicoterapia em simultâneo.

  
Saliento que só a medicação não resolve o problema é sempre necessário fazer a psicoterapia.

O objectivo da medicação é ajudar a psicoterapia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Tristeza ou Depressão?



Artigo publicado in " Saúde Activa", Outubro de 2010, por Maria de Jesus Candeias, Psicoterapeuta

A tristeza é uma reacção normal e saudável a qualquer infortúnio.

A maioria, se não todos, os episódios mais intensos de tristeza da nossa vida são originados por condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, da pessoa amada, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos entre outros problemas que nos surgem ao longo do dia-a-dia e da nossa vida.

E isto acontece tanto nas crianças, como nos jovens como inevitavelmente nos adultos.

Uma pessoa triste sabe quem (ou o que) perdeu e está triste porque gostava de voltar à situação anterior, o que nem sempre acontece ou é possível.

Ficar triste por perda da saúde, ou de um casamento, ou da perda de alguém querido, numa fase inicial, não é depressão, é tristeza, embora os sintomas possam ser idênticos.

Ainda assim, por vezes poder-se-á sentir triste durante algum tempo, quando algum problema adverso surge na sua vida.

Porém, o que se espera é que após um acontecimento que nos deixa muito triste, passado algum tempo, máximo seis meses, sejamos capaz de ultrapassar essa tristeza e retomar o nosso bem-estar emocional, ultrapassando essa tristeza.

Se tal não acontece, e se mesmo antes deste tempo, surgem outros sintomas (pelo menos mais dois) associados, pode ser sinal de estar a deprimir.

Desta forma, podemos dizer que o que distingue a depressão da tristeza é a continuidade desta tristeza por demasiado tempo, e o surgimento de outros sintomas associados tais como:

• Alteração do apetite (falta ou excesso de apetite);
• Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
• Fadiga, cansaço e perda de energia;
• Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
• Falta ou alterações da concentração e da memória;
• Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
• Desinteresse, apatia e tristeza;
• Alterações do desejo sexual;
• Irritabilidade;
• Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, vómitos, enxaquecas, entre outros.

No entanto importa referir que se é verdade que muitas depressões, são o que nós chamamos “depressões reactivas”, ou seja são uma reacção a acontecimentos de vida, como atrás referi, também é verdade que existem outras depressões, e estas começam geralmente na infância e adolescência, conhecidas técnicamente por "depressões anaclíticas", em que o que está por detrás é a falta de amor, ou antes, faltou o sentimento e a segurança de ser amado. A pessoa tem uma tristeza profunda, mas não sabe a sua origem. A tristeza faz parte do indivíduo, da sua forma de ser. Sempre se conheceu assim.

Neste último tipo de depressão, o que a originou foi a falta o amor, ou antes, o sentimento de ser amado! Por isso, a depressão, é considerada uma doença dos afectos.

A depressão pode ser episódica (acontece apenas uma vez na vida do indivíduo), recorrente (quando de vez em quando a pessoa deprime e vai-se abaixo, tendo porém períodos em que está bem) ou crónica (quando a pessoa está sempre deprimida, conduzindo a uma diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia.

Mas o que é afinal a depressão?

A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.

A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.

Afecta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.•

Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda.

A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

O procurar ajuda atempadamente, de um psicólogo ou psicoterapeuta, poderá minimizar de imediato um sofrimento inimaginável para as pessoas sadias, e é sem dúvida a melhor forma de prevenir o agravamento dos sintomas.

No entanto, acho pela minha experiência clínica que o facto de se falar tanto na depressão, e sendo mesmo considerada a doença do Século , parece-me não existir, ainda, um esclarecimento correcto acerca dela.

Existem alguns mitos e falsas crenças sobre a depressão, muitas vezes vista como um sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

Assim, quando alguém diz que está deprimido, ou se refere a alguém deprimido dá um tom de pouca importância ao assunto, e reforça que a pessoa precisa de ter força de vontade como se isso bastasse para o curar.

Ninguém se cura, de uma depressão, só com força de vontade e com pensamentos positivos.

Isto faz com que muitos casos que me chegam já estejam ou acamados, sem já conseguir funcionar nem trabalhar. Outros com muita vergonha, como se fossem uns fracos por estar a pedir ajuda!

É importante salientar e interiorizar que a depressão é uma perturbação mental séria, que ocorre desde a 1ª infância à 3ª idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão.

No caso das crianças e adolescentes, quanto mais cedo iniciar uma psicoterapia, mais probabilidades tem de na vida adulta vir a ter uma vida normal e sem sofrimento.

Neste caso o papel dos familiares é fundamental. Muitas vezes o doente deprimido, já não tem força nem vontade para nada. Não acredita em solução para a sua vida e para os seus problemas, já não tem força para procurar ajuda.

Quando a pessoa precisa de ajuda e resiste a ir a uma consulta, os familiares poderão marcar consulta em conjunto (pais/ filhos pequenos ou adolescentes, maridos/ esposas, etc), sendo a consulta para a família e, deixar ao psicoterapeuta a tarefa de “ convencer” a pessoa a iniciar um tratamento.

É pois, urgente aprender a reconhecer a depressão como uma doença e não como uma fraqueza, como uma “ personalidade fraca” como me dizem alguns pacientes, e pedir ajuda especializada quanto antes!

É possível prevenir a depressão?

Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

Como se trata a depressão?

A Psicoterapia é fundamental no tratamento da depressão tendo muitas vezes, numa fase inicial de ser coadjuvada com a terapia farmacológica.

A Psicoterapia é fundamental para ajudar a pessoa a encontrar dentro de si recursos necessários para lidar com os acontecimentos geradores de tensão e ansiedade, assim como a diminuir o seu sofrimento, aumentar o seu bem – estar consigo próprio e com a vida!

A Psicoterapia é a forma cientificamente comprovada de obter resultados duradouros na perturbação depressiva.

Artigo publicado IN "Saúde Activa", por Maria de Jesus Candeias, Psicológa Clínica e Psicoterapeuta

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Quando é que a ansiedade se torna uma doença?

A ansiedade é uma emoção normal que existe em todos os seres humanos e de extrema importância para a sobrevivência.

É com a ansiedade que nós aprendemos a proteger-nos dos perigos fisicos e psicológicos.

Ficamos ansiosos quando antevemos o perigo de sermos assaltados, agredidos física ou verbalmente, dos nossos filhos serem atropelados na rua, entre muitas outras situações em que a ansiedade nos impele a preservar a integridade.

Portanto, a ansiedade é uma emoção reguladora da sobrevivência da espécie e como tal através da sua acção o ser humano aprende a defender-se do perigo. Esta é a função normativa da ansiedade, que, se estiver regulada(uma ansiedade normativa) desaparece rapidamente e, actua sobretudo como estimulante, ou seja, o ser humano precisa de manter níveis de ansiedade normais, para que consiga efectuar tarefas de qualquer natureza.

Quando o homem deixa de conseguir regular a ansiedade é porque ela se tornou patológica, logo fora do controlo da pessoa. Pode ter niveis de ansiedade elevados ao máximo,como pode não possuir qualquer ansiedade normal, que seja geradora de algum tipo de trabalho ou actividade. Em ambos os casos falamos de patologia.

O que é que causa a ansiedade?

As dificuldades da vida são normalmente o factor desencadeante da ansiedade patológica e nos casos agudos da angústia.

Além disso as dificuldades pessoais de inserção na sociedade, os conflitos internos do domínio afectivo, emocional e sexual podem conduzir a uma sintomatologia ansiosa.

As investigações indicam que toda a pessoa que sofre de ansiedade grave tem um profundo sentimento de desamparo psíquico oriundo de relações parentais pouco seguras ou de uma insegurança total, portanto, o que subsiste é o sentimento de desamparo e sentimentos depressivos.

Há relação entre ataque de pânico, fobias e ansiedade?

Claro que há. A fobia é um medo irracional de um objecto/animal ou situação. Os ataques de pânico são uma manifestação aguda de angústia sem causa aparente declarada, que podem paralisar um indivíduo através da sensação de asfixia ou medo de morrer. Todo este conjunto de sintomas não são mais que expressões diferentes de ansiedade.

Há alguma relação entre ansiedade e depressão?

A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está associada às alterações de humor e aos estados depressivos.

Podemos assim dizer que todas as pessoas que sofrem de depressão têm graus mais ou menos intensos de ansiedade, assim como quem sofre de ansiedade está deprimida ou em vias de deprimir.

Quais são os sintomas da ansiedade grave?
A ansiedade é acompanhada de vários sintomas físicos:
  • aceleração respiratória,
  • alteração do batimento cardíaco,
  • xixis frequentes,
  • diarreia frequente,
  • desfalecimento das pernas,
  • palidez,
  • contracção ou relaxamento do musculo facial,
  • sudação das palmas das mãos ( resposta galvânica da pele),
  • sudação de todo o corpo,
  • sensação de vertigem.
 Como é que a ansiedade evolui de normal para patológica?

Quando a pessoa já não consegue controlar as emoções e sente-se num estado de ansiedade generalizado, ou seja, em todas as situações da sua vida quotidiana. As emoções descontrolam-se, o cérebro deixa de produzir neurotransmissores e a ansiedade instala-se impedindo a pessoa de funcionar. Aparecem as mais diversas fobias, ou ataques de pânico, geradores de um desconforto enorme.

  O que é e como se manifesta a ansiedade generalizada?

A Ansiedade Generalizada manifesta-se por um estado de tensão, duma inquietude permanente, sem que algum acontecimento exterior o possa explicar. São pessoas que estão permanentemente em sobressalto e sofrem com isso. O sintoma-chave é uma ansiedade ou um medo não realista, e excessivo, face a acontecimentos futuros.

As queixas somáticas são: dores de estômago, dores de cabeça (cefaleias), diarreia, suores e transpiração excessiva, vertigens.... Esta psicopatologia torna-se um handicap porque torna a vida complicada e difícil de ser vivida, nomeadamente no quotidiano, no trabalho e nas relações pessoais.

  Estima-se que a sua prevalência seja de 3 a 7%, com uma incidência mais elevada nos filhos mais velhos e nos filhos únicos. São pessoas muito conscienciosas e que têm necessidade de serem tranquilizadas permanentemente.

A ansiedade generalizada evolui para doença: transforma-se em fobias e obsessões /compulsões.

Tratamento da ansiedade

  Sofrer de perturbação da ansiedade não é nenhuma banalidade nem uma fatalidade.

Os tratamentos para cada tipo de ansiedade variam e são estabelecidos em função da natureza do problema (fobias, obsessões, pânico, etc.) e estabelecidos em função da personalidade do sujeito que as sofre.

  Podemos encontrar ansiedades que se exprimem por outros tipos de sintomas como por exemplo, no caso de homens com ejaculação precoce, ou com impotência sexual, ou casais que há muito tempo tentam ter um filho, etc., depois de se terem realizados os despistes e exames médicos necessários, e ter-se verificado a ausência de efeitos fisiológicos, verifica-se que a ansiedade e a perturbação emocional são um factor enorme e responsável, na manutenção dessas dificuldades.

Ou ainda, pessoas que encontram no álcool, ou nas drogas, um escape para verem as suas angústias e preocupações aliviadas, e acabam por entrar num esquema traiçoeiro onde num primeiro momento as utilizam como qualquer coisa que ajuda a ficar mais calmo e que até dá prazer, mas mais tarde num esquema de dependência.

 Os exemplos podem ser vários, mas o importante a saber é que, uma grande parte das ansiedades patológicas são curáveis, outras serão susceptíveis de melhoramentos consideráveis que permitem, na generalidade, devolver às pessoas uma vida normal.

  O tratamento é combinado em algumas situações, ou seja, com terapia medicamentosa ansioliticos e antidepressivos e psicoterapia em simultâneo.

  
Saliento que só a medicação não resolve o problema é sempre necessário fazer a psicoterapia.

O objectivo da medicação é ajudar a psicoterapia.

“Os rituais levam-nos a fazer balanços e a ver o que é preciso mudar, mas não há milagres: é preciso fazer por isso”

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