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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Supervisão Clínica

 



A supervisão de casos clínicos é considerada como um dos três pilares da formação de um psicoterapeuta, juntamente com a própria psicoterapia e o estudo de textos.

A carreira de psicólogo exige um investimento permanente na formação e na actualização de conhecimentos teóricos e práticos, para poder dar resposta aos desafios da profissão de modo competente.

Pelo que, a supervisão clínica em psicologia se assume como um processo fundamental para a formação teórico-prática dos psicólogos, e em especial daqueles que pretendem ou exercem em contexto clínico e desejam especializar-se em psicoterapia.

De um modo geral, a supervisão clínica em psicologia é definida como um processo de ensino e de aprendizagem, de relação formal e colaborativa entre supervisor e supervisando, com vista ao desenvolvimento de competências terapêuticas essenciais para o exercício pleno da prática clínica.

supervisão clínica tem como objetivo desenvolver competências de reflexão clínica, tomando como base os casos clínicos acompanhados, bem como melhorar capacidades relacionais específicas, essenciais para o estabelecimento de uma boa relação terapêutica.

Qual a importância da Supervisão Clínica em Psicologia?

A supervisão clínica em psicologia constitui um elemento essencial para a boa prática clínica, favorecendo a interligação entre a teoria e a prática, permitindo a adequação da atitude do Psicoterapeuta às necessidades específicas de cada paciente, em contexto clínico. Neste sentido, o principal objectivo da supervisão passa pelo desenvolvimento de competências profissionais, de habilidades terapêuticas, e de princípios éticos e interpessoais do papel do terapeuta na intervenção clínica.

Modalidades de supervisão clínica em Psicologia

A supervisão pode ser:

-Individual. Tem uma duração de cerca de 50 minutos

-Em grupo. O grupo constitui-se quando há 2 ou mais supervisandos, até 4 elementos preferencialmente.

Uma supervisão de grupo tem uma duração variável, consoante o número de elementos que o integra, uma vez que, cada participante tem cerca de 25 minutos para expor as suas dúvidas e casos que acompanha. Nesse período de tempo, cada elemento pode expor mais de uma vez os seus casos e dúvidas, de forma rotativa e equitativa entre todos.

A Supervisão Clínica pode ser presencial ou online

 A modalidade online (videoconferência) favorece a interação e acessibilidade ao supervisor a qualquer momento, o que por si só também fortalece a relação com o supervisor. Esta modalidade mantém a mesma qualidade e regras que a presencial.

Como devo escolher um supervisor?

O supervisando deve fazer a escolha do seu supervisor a partir de um processo de identificações. Deve identificar-se quer com o perfil do supervisor, quer com a abordagem teórica profissional que este utiliza, pois estas identificações serão essenciais para manter a sua motivação e para alcançar um resultado satisfatório.

Saliento ainda, a importância da selecionar um supervisor credenciado. A supervisão deve ser dada por um psicólogo especialista em Psicoterapia, com mais de 7 anos de prática clinica e com grande conhecimento teórico-científico. É igualmente importante a ligação do supervisor a uma Associação/Sociedade na área da Psicologia ou Psicoterapia, enquanto formador, pois isso confere-lhe além da qualificação, a habilidade para o processo de ensino.

Maria de Jesus Candeias, Psicoterapeuta e Supervisora Clínica


terça-feira, 8 de novembro de 2022

Quando é que a ansiedade se torna uma doença?

A ansiedade é uma emoção normal que existe em todos os seres humanos e de extrema importância para a sobrevivência.

É com a ansiedade que nós aprendemos a proteger-nos dos perigos fisicos e psicológicos.

Ficamos ansiosos quando antevemos o perigo de sermos assaltados, agredidos física ou verbalmente, dos nossos filhos serem atropelados na rua, entre muitas outras situações em que a ansiedade nos impele a preservar a integridade.

Portanto, a ansiedade é uma emoção reguladora da sobrevivência da espécie e como tal através da sua acção o ser humano aprende a defender-se do perigo. Esta é a função normativa da ansiedade, que, se estiver regulada(uma ansiedade normativa) desaparece rapidamente e, actua sobretudo como estimulante, ou seja, o ser humano precisa de manter níveis de ansiedade normais, para que consiga efectuar tarefas de qualquer natureza.

Quando o homem deixa de conseguir regular a ansiedade é porque ela se tornou patológica, logo fora do controlo da pessoa. Pode ter niveis de ansiedade elevados ao máximo,como pode não possuir qualquer ansiedade normal, que seja geradora de algum tipo de trabalho ou actividade. Em ambos os casos falamos de patologia.

O que é que causa a ansiedade?

As dificuldades da vida são normalmente o factor desencadeante da ansiedade patológica e nos casos agudos da angústia.

Além disso as dificuldades pessoais de inserção na sociedade, os conflitos internos do domínio afectivo, emocional e sexual podem conduzir a uma sintomatologia ansiosa.

As investigações indicam que toda a pessoa que sofre de ansiedade grave tem um profundo sentimento de desamparo psíquico oriundo de relações parentais pouco seguras ou de uma insegurança total, portanto, o que subsiste é o sentimento de desamparo e sentimentos depressivos.

Há relação entre ataque de pânico, fobias e ansiedade?

Claro que há. A fobia é um medo irracional de um objecto/animal ou situação. Os ataques de pânico são uma manifestação aguda de angústia sem causa aparente declarada, que podem paralisar um indivíduo através da sensação de asfixia ou medo de morrer. Todo este conjunto de sintomas não são mais que expressões diferentes de ansiedade.

Há alguma relação entre ansiedade e depressão?

A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está associada às alterações de humor e aos estados depressivos.

Podemos assim dizer que todas as pessoas que sofrem de depressão têm graus mais ou menos intensos de ansiedade, assim como quem sofre de ansiedade está deprimida ou em vias de deprimir.

Quais são os sintomas da ansiedade grave?
A ansiedade é acompanhada de vários sintomas físicos:
  • aceleração respiratória,
  • alteração do batimento cardíaco,
  • xixis frequentes,
  • diarreia frequente,
  • desfalecimento das pernas,
  • palidez,
  • contracção ou relaxamento do musculo facial,
  • sudação das palmas das mãos ( resposta galvânica da pele),
  • sudação de todo o corpo,
  • sensação de vertigem.
 Como é que a ansiedade evolui de normal para patológica?

Quando a pessoa já não consegue controlar as emoções e sente-se num estado de ansiedade generalizado, ou seja, em todas as situações da sua vida quotidiana. As emoções descontrolam-se, o cérebro deixa de produzir neurotransmissores e a ansiedade instala-se impedindo a pessoa de funcionar. Aparecem as mais diversas fobias, ou ataques de pânico, geradores de um desconforto enorme.

  O que é e como se manifesta a ansiedade generalizada?

A Ansiedade Generalizada manifesta-se por um estado de tensão, duma inquietude permanente, sem que algum acontecimento exterior o possa explicar. São pessoas que estão permanentemente em sobressalto e sofrem com isso. O sintoma-chave é uma ansiedade ou um medo não realista, e excessivo, face a acontecimentos futuros.

As queixas somáticas são: dores de estômago, dores de cabeça (cefaleias), diarreia, suores e transpiração excessiva, vertigens.... Esta psicopatologia torna-se um handicap porque torna a vida complicada e difícil de ser vivida, nomeadamente no quotidiano, no trabalho e nas relações pessoais.

  Estima-se que a sua prevalência seja de 3 a 7%, com uma incidência mais elevada nos filhos mais velhos e nos filhos únicos. São pessoas muito conscienciosas e que têm necessidade de serem tranquilizadas permanentemente.

A ansiedade generalizada evolui para doença: transforma-se em fobias e obsessões /compulsões.

Tratamento da ansiedade

  Sofrer de perturbação da ansiedade não é nenhuma banalidade nem uma fatalidade.

Os tratamentos para cada tipo de ansiedade variam e são estabelecidos em função da natureza do problema (fobias, obsessões, pânico, etc.) e estabelecidos em função da personalidade do sujeito que as sofre.

  Podemos encontrar ansiedades que se exprimem por outros tipos de sintomas como por exemplo, no caso de homens com ejaculação precoce, ou com impotência sexual, ou casais que há muito tempo tentam ter um filho, etc., depois de se terem realizados os despistes e exames médicos necessários, e ter-se verificado a ausência de efeitos fisiológicos, verifica-se que a ansiedade e a perturbação emocional são um factor enorme e responsável, na manutenção dessas dificuldades.

Ou ainda, pessoas que encontram no álcool, ou nas drogas, um escape para verem as suas angústias e preocupações aliviadas, e acabam por entrar num esquema traiçoeiro onde num primeiro momento as utilizam como qualquer coisa que ajuda a ficar mais calmo e que até dá prazer, mas mais tarde num esquema de dependência.

 Os exemplos podem ser vários, mas o importante a saber é que, uma grande parte das ansiedades patológicas são curáveis, outras serão susceptíveis de melhoramentos consideráveis que permitem, na generalidade, devolver às pessoas uma vida normal.

  O tratamento é combinado em algumas situações, ou seja, com terapia medicamentosa ansioliticos e antidepressivos e psicoterapia em simultâneo.

  
Saliento que só a medicação não resolve o problema é sempre necessário fazer a psicoterapia.

O objectivo da medicação é ajudar a psicoterapia.

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