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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Perturbação Obsessiva e Compulsiva

 




        A Perturbação obsessiva e compulsiva (POC) é uma perturbação muito frequente. Segundo alguns estudos, a POC é a 4ª perturbação psicológica mais frequente, afetando cerca de 2,3 % dos adultos e acontece aproximadamente com a mesma frequência nas mulheres e nos homens.

De uma forma genérica, trata-se de uma perturbação da ansiedade caracterizada por obsessões e compulsões.

As obsessões são pensamentos e imagens, intrusivos e indesejados, que a pessoa não consegue controlar, e que a fazem sentir-se extremamente ansiosa.

As compulsões são comportamentos ou actos mentais repetitivos e rígidos que o sujeito não consegue controlar.  Estas compulsões têm uma função protectora na medida em que, de uma forma algo mágica, fazem baixar a ansiedade logo após terem sido executados.

Muitas vezes as obsessões e as compulsões surgem associadas e aí falamos de perturbação obsessivo-compulsiva, podem, no entanto, apresentar-se em separado.

Há pacientes que só apresentem obsessões sem que passem ao acto, ou seja, que executem rituais compulsivos e há também pacientes só com queixas de compulsões mas sem obsessões. 

A Perturbação obsessiva e compulsiva caracteriza-se pela presença de ideias, de imagens ou de impulsos recorrentes, não desejados, invasores que parecem sem sentido, estranhos, indecentes ou aterradores (obsessões) e, ao mesmo tempo, uma urgência ou uma compulsão para fazer algo que liberte da incomodidade causada pela obsessão.

Os temas obsessivos omnipresentes são o dano, o risco ou o perigo. Entre as obsessões mais frequentes estão as preocupações pela contaminação, pela dúvida, pela perda e pela agressividade.


         Caracteristicamente, as pessoas com uma perturbação obsessivo-compulsiva sentem-se impulsionadas a efectuar rituais (actos repetitivos, com um propósito, intencionais).


        Os rituais mais comuns para controlar uma obsessão incluem lavar-se ou limpar-se para se libertar da contaminação, verificações repetitivas para suprimir as dúvidas, guardar as coisas para que não se percam e evitar as pessoas que pudessem ser objecto de agressão. De um modo geral, os rituais consistem na lavagem excessiva das mãos ou na verificação repetitiva para se assegurar de ter fechado a porta. Outros rituais são mentais, como o cálculo repetitivo ou fazer afirmações para diminuir o perigo.

As pessoas podem ter uma obsessão por qualquer coisa e os seus rituais não estão sempre ligados de forma lógica à incomodidade que se tenta aliviar. Por exemplo, uma pessoa que está preocupada com a contaminação pode ter sentido alívio uma vez ao ter metido casualmente a sua mão no bolso. A partir desse momento, cada vez que surge uma obsessão relacionada com a contaminação, introduz repetidamente a sua mão no bolso.


            De um modo geral as pessoas com perturbações obsessivo-compulsivas estão conscientes da irracionalidade das suas obsessões e sabem que os seus medos não refletem riscos reais, mas não conseguem fazer diferente.

Estes pacientes reconhecem que o seu comportamento físico e mental é excessivo ao ponto de chegar a ser insólito. Porém não conseguem alterar o rumo dos seus pensamentos. Daí a diferença entre a obsessão compulsiva e as perturbações psicóticas, nas quais as pessoas perdem contacto com a realidade.

Muitas das pessoas afetadas por esta perturbação têm vergonha de ser descobertas, e por isso realizam, com frequência, os seus rituais de modo secreto, embora estes lhes tomem várias horas por dia.

Cerca de um terço das pessoas com uma obsessão compulsiva encontra-se em estado depressivo quando se diagnostica a perturbação.


Tratamento

A Psicoterapia revela-se de grande eficácia para as pessoas com perturbação obsessiva e compulsiva.

Por vezes numa fase inicial pode ser necessária uma combinação da psicoterapia com a farmacoterapia.

No entanto, o facto destes pacientes muitas acreditarem que conseguem controlar a situação sozinhos, dominar os seus próprios pensamentos, acabam por deixar arrastar a situação durante vários anos, e chegam-nos, muitas vezes, num estado já muito avançado da doença, em que já perderam o controlo total sobre as suas vidas e em que já não conseguem funcionar, ou quando alguém os obriga a pedir ajuda!


Um caso

O cliente estava desesperado. Ao longo dos anos em que durava o problema, apesar de alguns períodos em que parecia que melhorava, o facto é que a situação, gradualmente, se agravava e, nesse momento, tinha, já, proporções assustadoras. A sua qualidade de vida tinha baixado bastante: cada vez mais isolado e cada vez mais impossibilitado de se conseguir organizar no tempo. As suas obsessões perseguiam-no dia e noite.
       Os seus comportamentos compulsivos eram vistos como bizarros pelas pessoas que o rodeavam, determinando o seu progressivo afastamento e um sofrimento grande por se sentir incompreendido e estranho. O tempo que era consumido em hospitais e a fazer análises roubava-lhe a possibilidade de investir o seu tempo de uma forma útil e agradável. A sua grande obsessão era ser contaminado pelo vírus HIV, ou por alguma outra doença grave. Além do sofrimento diário com estas ideias obsessivas, os seus comportamentos compulsivos eram muito visíveis e consumiam muito tempo: Ia quase diariamente às urgências do Hospital, com sintomas diferentes, para que lhe fizessem análises. Por vezes intercalava com análises em clínicas privadas, para confirmar que estava contaminado. O seu lado "mais saudável" permitia que reconhecesse a irracionalidade do seu comportamento, mas o medo era mais forte e não conseguia evitar as suas idas ao hospital.

Quando nos conhecemos, numa urgência, não dormia há mais de 48 horas, não comia há algum tempo, vivia completamente isolado no seu quarto, e o trabalho há mais de um mês que tinha entrado de baixa médica. …Impossível descrever aqui tudo. De tal forma, que o seu comportamento diário se tornava muito estranho para quem o via e era motivo de permanente ansiedade e sofrimento. Dada a complexidade deste caso, foram precisas muitas sessões para que a normalidade voltasse a instalar-se na sua vida. Mas houve um final feliz: ficou bem!

 

Deixo por isso um alerta: não deixe que o seu sofrimento se arraste.  Esta situação não se resolve com o tempo!


A doença mental tem cura. Mas precisa de intervenção especializada!


Não tenha vergonha! Peça ajuda! Cuide da sua saúde.

 

Maria de Jesus Candeias, Psicoterapeuta Psicanalítica e Psicóloga Clínica

 

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