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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Fobia escolar...



O Início do ano lectivo está aí e o retorno ou a entrada na escola nem sempre é calma e tranquila para todas as crianças.

Há sempre algum nervosimo e ansiedade no retorno, pode mesmo para alguns atingir niveis muito elevados de ansiedade e angustia com uma recusa total à escola: a Fobia escolar

A Fobia escolar afecta, cerca de 5% de crianças do jardim de infância, e cerca de 2% de crianças do ensino básico registando-se uma maior incidência de fobia escolar no primeiro ano lectivo da criança.

No entanto não é raro que a fobia escolar apareça no, 2º ciclo, ou secundário ou até mesmo na entrada da faculdade, pois como referido estas manifestações estão muito associadas a “ansiedade face ao desconhecido” e as mudanças de ciclo escolar, são sempre algo muito significativas para a criança e /ou adolescente.

O que caracteriza uma fobia escolar?

A Fobia escolar é um medo exacerbado que a criança sente em ir para a escola.

A Fobia escolar é uma perturbaçao da ansiedade e tem tratamento.

Numa situação típica de fobia escolar, a criança/jovem logo de manhã acorda com queixumes de dor de barriga associado por vezes a vómitos, diarreias, dor de cabeça, com intensificação do sintoma à medida que se aproxima a hora de ir para a escola, com verbalização do tipo “…não quero ir para a escola…” ou por vezes na véspera poderá surgir a questão “…amanhã é dia de ir para a escola?...” Despertando nos próprios pais alguma ansiedade na busca de melhor lidar com a situação e não deitar tudo a perder.

Na Fobia escolar da criança está, quase sempre, latente uma grande “ansiedade de separação” dos seus pais e do mundo que lhe é familiar e no qual se sente protegido.

Estas crianças geralmente, apresentam também, dificuldades em dormir sozinhas, medo de ir para casa de amigos, entre outras relutâncias em se distanciar das pessoas com as quais passa a maior parte do tempo.

Esta fobia escolar ou recusa ansiosa escolar é mais frequente no primeiro ano lectivo da vida da criança. Na fobia escolar, a criança fala da escola sempre com medo, negativismo e pode chorar para não ir.

Até se transformar na ‘segunda casa’, a escola representa um mundo desconhecido. Por isso, nos primeiros dias de aula, os sintomas podem ser mais intensos porque a criança se vê às cinco minutos parece uma eternidade.

Na escola, é muito comum, que a criança se afaste dos colegas, se isole, não brinque, já que se sente muito mal lá dentro.

Além da manifestação explícita de não querer ir à escola, a fobia escolar pode atingir sintomas tais como :choro frequente, suores frios ou tremores, diarreia, vómitos, medo de ficar sozinha, medo de algo abstracto, incapacidade de enfrentar o problema sozinha, perda do apetite, voltar a urinar na cama, insónias, pesadelos, entre outros.

A fobia é um problema que difere completamente de preguiça ou má vontade, e do absentismo. Os próprios pais percebem isso no comportamento da criança. Também é diferente da recusa esporádica em ir à escola, especialmente após as férias.

No caso da fobia, as crianças regressam a casa, apresentam ansiedade com sintomas psicossomáticos, enquanto que os absentistas não vão para casa, não sentem ansiedade, nem sintomas. Enquanto que nas fobias as crianças têm um perfil caracterizado por serem conscienciosas, perfeccionistas e bem comportadas, nos absentistas manifestam comportamentos desajustados ou delinquentes. Esta distinção é importante que seja feita, para um modo de abordar e intervir adequado pelos próprios pais.

Geralmente, as crianças que desenvolvem essa ansiedade e medo incontroláveis são boas alunas e não perdem rendimento escolar.

Quando o problema surge é essencial que a equipa da escola saiba o que está acontecendo, pois, muitas vezes, uma figura de confiança do aluno deve acompanhá-lo e permanecer por um determinado período no ambiente escolar, até que ele desenvolva autoconfiança. Os próprios coordenadores podem, por vezes, desempenhar este papel, ao ficarem mais próximos deste aluno, encorajando-o a ponto de se sentir bem na sala de aula.

O que pode estar na origem deste tipo de fobia?

Os motivos que levam a criança a desenvolver fobia escolar podem ser vários ou uma associação deles. Dentre eles estão a predisposição biológica (genética), a mudança de escola, professor severo, conflito com colegas, o temperamento da criança, a vulnerabilidade à acção do ambiente familiar( mudança de casa, divórcio dos pais, morte de um familiar, conflitos familiares), e até mesmo a preocupação excessiva de alguns pais com a separação dos seus filhos.

Os sintomas da fobia escolar estão fortemente associados ao tipo de relação da criança com seus pais, desde o nascimento até a idade pré-escolar.

Porém, é interessante salientar que duas ou mais crianças que recebem a mesma educação, tanto escolar quanto familiar, (filhas dos mesmos pais), não significa necessariamente que todas irão desenvolver fobia escolar.

A fobia escolar também pode ter origem em agressões verbais ou físicas de que a criança foi vítima na escola ( ou seja, ser vítima de bullying).

Em que é que difere de uma ansiedade normal no regresso às aulas?

O primeiro ou primeiros dias desencadeiam naturalmente algum nervosismo, perante a ideia de novos professores, nova turma, nova escola ou simplesmente a mudança de rotina das férias para as aulas, até os mais calmos poderão ficar afectados nas primeiras semanas de aulas.

Outros casos existem em que a ansiedade normal pode dar lugar a medos mais significativos. As fobias ocorrem com frequência nas crianças e por vezes desaparecem espontaneamente, sinal que a criança conseguiu ultrapassar os seus receios.

No caso específico da fobia escolar, enquanto perturbação emocional que desencadeia uma resposta fóbica face à escola, inicialmente não deverá ser motivo de alarme, de um modo tranquilo os pais deverão sempre incentivar e encarar com optimismo a hora de ir para a escola, sem forçar bruscamente mas persistir no cumprimento da assiduidade escolar.

Caso este comportamento persista para além de dois meses, será importante procurar outro tipo de suporte de modo a evitar o agravamento da situação, mesmo na futura vida escolar e social da criança/jovem.

O que podem os pais fazer para ajudar os filhos com fobia escolar?
 
È muito importante que os pais, não ridicularizarem ou subestimem os medos da criança, pelo contrário, devem mostrar compreensão.

Porém, também devem facilitar que a criança se afaste da escola. No momento de ir para escola os pais devem ser firmes, mas respeitar a limitação de seus filhos, pois para eles já é muito difícil estar com esta dificuldade.

È importante Incentivar a criança a ir à escola, nunca obrigá-la e tentar tranquilizá-la, que no fim do dia volta a estar com os pais. Por vezes os pais poderão mesmo ter de permanecer durante alguns periodos na escoal para ajudar a criança a tranquilizar-se.
Manter o máximo de diálogo com a criança
Ajudar a criança a encontrar o meio de superar o obstáculo
Fazer com que os amigos sejam elementos importantes na inserção na escola.

Se os sintomas persistirem para além de dois meses, e em casos mais críticos, os pais devem encaminhar o filho para psicoterapia. O tratamento da criança com fobia escolar deve ser abrangente: é necessária a participação efectiva da escola, dos pais e do psicólogo. Essa interacção, entre todos e esse envolvimento é que vão fazer com que a criança supere a fobia.

É fundamental que os pais fiquem atentos quanto à procura de profissionais especializados ( psicólogos ou psicoterapeutas) dado que esta fobia pode ocasionar um afastamento da escola, fracasso e repetência escolar, vergonha de enfrentar novamente os colegas, entre outros factores.

Todos estes aspetos reduzem a auto-estima da criança, com consequências para o resto de sua vida. Além disso, a tendência de uma criança com fobia escolar, se não for ajudada a ultrapassar a situação, é que desenvolva outros medos, como, por exemplo, de elevador, animais, escuro, etc. Enfim, os danos são grandes quando se adia o tratamento.

Procurar ajuda, ouvir as diretrizes dos profissionais envolvidos e poder dividir as dificuldades que possam encontrar no tratamento de seu filho, contribuirá efetivamente na maravilhosa tarefa de ser pai e mãe e no desenvolvimento de uma criança feliz.



















segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

TRISTEZA ou DEPRESSÃO?

A tristeza é uma reacção normal e saudável a qualquer infortúnio.

A maioria, se não todos, os episódios mais intensos de tristeza da nossa vida são originados por condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, da pessoa amada, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos entre outros problemas que nos surgem ao longo do dia-a-dia e da nossa vida.

E isto acontece tanto nas crianças, como nos jovens como inevitavelmente nos adultos.

Uma pessoa triste sabe quem (ou o que) perdeu e está triste porque gostava de voltar à situação anterior, o que nem sempre acontece ou é possível.

Ficar triste por perda da saúde, ou de um casamento, ou da perda de alguém querido, numa fase inicial, não é depressão, é tristeza, embora os sintomas possam ser idênticos.

Ainda assim, por vezes poder-se-á sentir triste durante algum tempo quando algum problema adverso surge na sua vida.

Porém, o que se espera é que após um acontecimento que nos deixa muito triste, passado algum tempo, máximo seis meses, sejamos capaz de ultrapassar essa tristeza e retomar o nosso bem-estar emocional, ultrapassando essa tristeza.

Se tal não acontece, e se mesmo antes deste tempo, surgem outros sintomas (pelo menos mais dois) associados, então estamos a deprimir.

Desta forma, podemos dizer que o que distingue a depressão da tristeza é a continuidade desta tristeza por demasiado tempoe o surgimento de outros sintomas associados tais como:

• Alteração do apetite (falta ou excesso de apetite);
• Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
• Fadiga, cansaço e perda de energia;
• Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
• Falta ou alterações da concentração e da memória;
• Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
• Desinteresse, apatia e tristeza;
• Alterações do desejo sexual;
• Irritabilidade;
• Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, vómitos, enxaquecas, entre outros.

No entanto importa referir que se é verdade que muitas depressões, são o que nós chamamos “depressões reactivas”, ou seja são uma reacção a acontecimentos de vida, como atrás referi, também é verdade que existem outras depressões, e estas começam geralmente na infância e adolescência, em que o que está por detrás é a falta de amor, ou antes, faltou o sentimento e a segurança de ser amado. A pessoa tem uma tristeza profunda, mas não sabe a sua origem. A tristeza faz parte do indivíduo, da sua forma de ser. Sempre se conheceu assim.

Neste último tipo de depressão, o que a originou foi a falta o amor, ou antes, o sentimento de ser amado! Por isso, a depressão, é considerada uma doença dos afectos.

A depressão pode ser episódica (acontece apenas uma vez na vida do indivíduo), recorrente (quando de vez em quando a pessoa deprime e vai-se abaixo, tendo porém períodos em que está bem) ou crónica (quando a pessoa está sempre deprimida, conduzindo a uma diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia.

Mas o que é afinal a depressão?

A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.

A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.

Afecta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.•

Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda.

A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

O procurar ajuda atempadamente, de um psicólogo ou psicoterapeuta, poderá minimizar de imediato um sofrimento inimaginável para as pessoas sadias, e é sem dúvida a melhor forma de prevenir o agravamento dos sintomas.

No entanto, acho pela minha experiência clínica que o facto de se falar tanto na depressão, e sendo mesmo considerada a doença do Século , parece-me não existir, ainda, um esclarecimento correcto acerca dela.

Existem alguns mitos e falsas crenças sobre a depressão, muitas vezes vista como um sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

Assim, quando alguém diz que está deprimido, ou se refere a alguém deprimido dá um tom de pouca importância ao assunto, e reforça que a pessoa precisa de ter força de vontade como se isso bastasse para o curar.

Ninguém se cura, de uma depressão, só com força de vontade e com pensamentos positivos.

Isto faz com que muitos casos que me chegam já estejam ou acamados, sem já conseguir funcionar nem trabalhar. Outros com muita vergonha, como se fossem uns fracos por estar a pedir ajuda!

É importante salientar e interiorizar que a depressão é uma perturbação mental séria, que ocorre desde a 1ª infância à 3ª idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão.

No caso das crianças e adolescentes, quanto mais cedo iniciar uma psicoterapia, mais probabilidades tem de na vida adulta vir a ter uma vida normal e sem sofrimento.

Neste caso o papel dos familiares é fundamental. Muitas vezes o doente deprimido, já não tem força nem vontade para nada. Não acredita em solução para a sua vida e para os seus problemas, já não tem força para procurar ajuda.

Quando a pessoa precisa de ajuda e resiste a ir a uma consulta, os familiares poderão marcar consulta em conjunto (pais/ filhos pequenos ou adolescentes, maridos/ esposas, etc), sendo a consulta para a família e, deixar ao psicoterapeuta a tarefa de “ convencer” a pessoa a iniciar um tratamento.

É pois, urgente aprender a reconhecer a depressão como uma doença e não como uma fraqueza, como uma “ personalidade fraca” como me dizem alguns pacientes, e pedir ajuda especializada quanto antes!

É possível prevenir a depressão?

Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

Como se trata a depressão?

A Psicoterapia é fundamental no tratamento da depressão tendo muitas vezes, numa fase inicial de ser coadjuvada com a terapia farmacológica.

A Psicoterapia é fundamental para ajudar a pessoa a encontrar dentro de si recursos necessários para lidar com os acontecimentos geradores de tensão e ansiedade, assim como a diminuir o seu sofrimento, aumentar o seu bem – estar consigo próprio e com a vida!



A Psicoterapia é a forma cientificamente comprovada de obter resultados duradouros na perturbação depressiva.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Acerca da Depressão: Mitos e Factos

A depressão é uma doença do foro mental cuja incidência tem aumentado muito em Portugal.

Considerada a doença do século XX, parece que já se tornou parte da vida das pessoas como se fizesse parte do corpo, como um órgão vital com funções específicas, ao ponto de poder durar uma vida inteira sem que a pessoa procure tratar-se.

Assim, quando alguém diz que está deprimido, ou se refere a alguém deprimido dá um tom de pouca importância ao assunto, e reforça que a pessoa precisa de ter força de vontade como se isso bastasse para o curar.
 No entanto, acho pela minha experiência clínica que o facto de se falar tanto nesta doença não significa que exista um esclarecimento correcto acerca dela.
Ninguém se cura só com força de vontade e com pensamentos positivos.

Já referi noutro post sobre o tema, que a industria farmacêutica chamou a si a “cura” da depressão e a partir da “geração Prozac”, tudo se resolveu com medicamentos, porque é um negócio da china para a indústria farmacêutica. Toma-se antidepressivos durante seis meses ou mais e a pessoa fica curada.... Mera Ilusão!!

Se a pessoa estiver realmente deprimida os medicamentos ajudam durante um tempo, mas assim que os deixar de tomar volta a ter os mesmos sintomas.

Se é verdade que muitas depressões são reactivas a acontecimentos de vida, também é verdade que na sua maioria o que está por detrás duma depressão é a falta de amor, ou a percepção disso, sendo que para a pessoa isso é real, sendo na maioria das situações inconsciente. A pessoa tem uma tristeza profunda, mas não sabe a sua origem. A tristeza torna-se egosintónica e faz parte do indivíduo como um órgão vital.

Ficar deprimido por perda da saúde, ou de um casamento, ou da perda de alguém querido, numa fase inicial, não é depressão, é luto, embora os sintomas possam ser idênticos.
O que distingue a depressão do luto é a continuidade dos sintomas por demasiado tempo.


Por outro lado a maioria do que existe escrito acerca da depressão aponta como causas défices ao nível dos neurotransmissores. Embora isso seja uma realidade já comprovada esses resultados verificam-se porque o estado mental da pessoa é que vai originar isso.
O homem é o único ser vivo que consegue mudar a sua biologia através do pensamento. Cerca de 80% das doenças que existem são de origem psicossomática, ou seja, resultam de estados mentais doentes.
Aquilo que a mente não consegue elaborar o corpo arranja forma de exteriorizar. Asmas, Colites, Cólon Irritável, dores de cabeça crónicas, dores de estômago persistentes, úlceras, eczemas de vários tipos, são doenças ligadas ao psiquismo humano, que por base tem sentimentos depressivos de falta de afecto, de origem relacional, porque existem doenças (AVC, Tumores, Demências etc.) que podem ter sintomas depressivos.

Sendo Portugal um pais que não acompanhou o desenvolvimento da importância das ciências psicológicas ao mesmo nível dos outros países, ainda há muita relutância em admitir que os psicoterapeutas (existem muito poucos porque as sociedades cientificas que os formam admitem um numero reduzido de alunos por ano, para além de que é uma formação longa e cara) tem um papel fundamental na resolução da maioria das doenças mentais, sem ser necessária intervenção psiquiátrica e terapêutica farmacológica.

Por outro lado o que as pessoas procuram é um tratamento de resolução mágica e rápida sem terem que despender qualquer tipo de esforço, seja ele mental ou financeiro. Claro que isso não existe!

 A psicoterapia é um processo que leva algum tempo e temos que considerar que é um investimento. Agora o que eu acho é que esse investimento vale a pena porque não tem volta atrás, ou seja, mesmo que a pessoa interrompa a psicoterapia depois de alguns meses, os ganhos mantém-se e o funcionamento é sempre melhor a todos os níveis futuramente.

A Psicoterapia , como método de tratamento, na depressão e na maioria dos casos,  consegue ao fim de algum tempo, melhoras significativas e muitos resolvem-se em médio prazo (mais ou menos um ano), ganhando a pessoa uma melhoria da qualidade de vida ao nível pessoal, social e de saúde física.

O que faz com que as pessoas resistam muitas vezes a procurar ajuda, não é só o dinheiro (os psicoterapeutas geralmente não tem preços fixos, são quase sempre negociáveis), mas a perda de fé nas relações humanas, porque aquilo que se vai passar na terapia é uma nova relação.
Se as relações primárias (pais ou cuidadores) não foram seguras, ou sentidas inseguras, porque por vezes o que existe é uma fantasia dessas relações (mas é real para a pessoa) então como é que uma relação com outra pessoa vai ser boa?

A relação terapêutica ainda assusta quem quer procurar ajuda, no entanto é pela relação que a “cura” se obtêm, porque foi pela relação que a doença se instalou.

Na génese da depressão, ao contrário do que muito por ai se diz, está uma falta básica. Faltou o amor, ou antes, o sentimento de ser amado! Por isso, a depresão, é considerada uma doença dos afectos.

O amor é o alimento da alma, porque nem só de pão vive o homem.

"Mais amor, Menos doença"

Depressão Narcísica ou Depressão de Inferioridade?


A depressão gera-se numa relação de amor não correspondido, numa economia depressigena: em que o sujeito dá mais do que recebe. É ai que se desenvolve, forma-se como reacção à perda afectiva pontual e mais visível, mais dolorosa para a pessoa.

O drama do depressivo resulta, em grande parte, de ter sido amado de um modo narcísico: a mãe amou-o como uma parte do seu próprio corpo. Ama-o como uma posse, um prolongamento de si mesma, não como um ser separado e diferente. É o amor narcísico do objecto, em que este é investido como uma peça ou um adorno do sujeito amante, tal como se ama um carro caro, ou uma jóia cara.

No investimento narcísico do objecto, o sujeito investidor está em primeiro plano, é o mais importante (Coimbra de Matos, 2002). É o caso da mãe que exibe o filho para se mostrar, para obter atenção de outro, e quando o filho não corresponde ao que espera dele, ou seja, não a reconhece e não a valoriza como mãe, denigre-o e o afasta-o recusando-lhe o seu afecto. Muitas vezes é dito à criança frases deste género: “ és mau, não gosto de ti”, que, verbalizadas de uma forma continuada e ao longo do tempo geram a doença, a depressão, doença dos afectos.


Outro aspecto intimamente ligado à depressão (muito frequente em psicoterapia) é a deficiente narcisação da criança no seu papel de futura mulher e futuro homem.
Entende – se por narcisar a função que a mãe e o pai tem de reconhecer o filho em todas as suas fases de desenvolvimento. Narcisar (vem de narciso e tem a ver com a beleza) significa por isso reconhecer e valorizar a beleza, algo que o ser humano precisa durante toda a sua vida, pois não existe sem o reconhecimento do outro.

Outra forma da depressão, com contornos diferentes da retirada do afecto pelo objecto, é a depressão de inferioridade, e que resulta da deficiente narcisação da criança.

A pessoa não foi valorizada enquanto menina ou rapaz. Não lhe foi dito que estava bonita, e que iria arranjar muitos namorados, ou namoradas, logo não foi valorizada a sua beleza, mais tarde vai-se sentir sempre feia ou feio apesar de na maioria das vezes serem pessoas bonitas. Também não foram considerados capazes e competentes nas tarefas que faziam, ou tudo o que faziam não chegava para satisfazer os pais.

Então, mais tarde, na vida adulta, nada lhe irá correr bem, irá sempre deixar escapar oportunidades por não se sentir capaz, e vai ter sempre a sensação de todos lhe terem passado na frente e serem mais capazes que eles. Estas pessoas que apresentam depressões de inferioridade vivem tristes e desvalorizadas, quando por vezes tem potencial para serem pessoas bem sucedidas a nível pessoal e profissionalÁ sua volta ninguém percebe o que se passa, na verdade parece até que não tem motivos para se sentirem assim. No entanto a deficiente narcisação empurrou-os para a depressãoEste tipo de depressão não tem só a ver com falta de afecto mas com o reconhecimento da beleza e das capacidades.

Se a criança foi reconhecida pelo pai e pela mãe “ estás tão bonita, vais arranjar muitos namorados” no seu papel sexual, então quando chegar á adolescência tudo irá ser mais fácil. Ai só lhe resta experimentar na prática se a mãe ou o pai tinham razão há alguns anos atrás, e vai confirmar ou infirmar a opinião parental. Um dia arranja um companheiro e vai-se sentir segura. Se pelo contrario ninguém lhe disse o quanto era bonita e lhe disse que tinha possibilidades de ter muito sucesso com o sexo oposto, então a insegurança instala-se e irá ter imensas dificuldades em segurar-se numa relação. Pela vida fora irá encontrar pessoas idênticas a ela e, a procurar essa narcisação nos homens ou mulheres que escolhe para companheiros. Essa narcisação, uma vez que é procurada de forma externa (a auto-estima do bébe começa por ser externa, através da mãe, e cada vez mais vai sendo mantida de forma interna num ser humano mentalmente saudável) irá trazer insatisfação e sentimentos depressivos, uma vez que o outro procura exactamente o mesmo, e nenhum tem algo para dar, tendo no entanto tudo para receber.

A pessoa chegará a uma fase, normalmente em acontecimentos de vida significativos (nascimento de filhos, casamento, termino de licenciatura, morte de um familiar) em que o self não aguenta o esforço para manter a auto-estima e deprime.

O tratamento deste tipo de depressão passa por uma  psicoterapia, um processo em que a pessoa vai ser narcisada e reconhecida e assim recuperar o seu valor enquanto homem e mulher, quer no seu papel de identidade de género, quer nas suas competência enquanto ser humano útil à sociedade.

Tristeza ou depressão?

A tristeza é uma reacção normal e saudável a qualquer infortúnio.

A maioria, se não todos, os episódios mais intensos de tristeza da nossa vida são originados por condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, da pessoa amada, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos entre outros problemas que nos surgem ao longo do dia-a-dia e da nossa vida.

E isto acontece tanto nas crianças, como nos jovens como inevitavelmente nos adultos.

Uma pessoa triste sabe quem (ou o que) perdeu e está triste porque gostava de voltar à situação anterior, o que nem sempre acontece ou é possível.

Ficar triste por perda da saúde, ou de um casamento, ou da perda de alguém querido, numa fase inicial, não é depressão, é tristeza, embora os sintomas possam ser idênticos.

Ainda assim, por vezes poder-se-á sentir triste durante algum tempo quando algum problema adverso surge na sua vida.

Porém, o que se espera é que após um acontecimento que nos deixa muito triste, passado algum tempo, máximo seis meses, sejamos capaz de ultrapassar essa tristeza e retomar o nosso bem-estar emocional, ultrapassando essa tristeza.

Se tal não acontece, e se mesmo antes deste tempo, surgem outros sintomas (pelo menos mais dois) associados, então estamos a deprimir.

Desta forma, podemos dizer que o que distingue a depressão da tristeza é a continuidade desta tristeza por demasiado tempoe o surgimento de outros sintomas associados tais como:

• Alteração do apetite (falta ou excesso de apetite);
• Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
• Fadiga, cansaço e perda de energia;
• Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
• Falta ou alterações da concentração e da memória;
• Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
• Desinteresse, apatia e tristeza;
• Alterações do desejo sexual;
• Irritabilidade;
• Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, vómitos, enxaquecas, entre outros.

No entanto importa referir que se é verdade que muitas depressões, são o que nós chamamos “depressões reactivas”, ou seja são uma reacção a acontecimentos de vida, como atrás referi, também é verdade que existem outras depressões, e estas começam geralmente na infância e adolescência, em que o que está por detrás é a falta de amor, ou antes, faltou o sentimento e a segurança de ser amado. A pessoa tem uma tristeza profunda, mas não sabe a sua origem. A tristeza faz parte do indivíduo, da sua forma de ser. Sempre se conheceu assim.

Neste último tipo de depressão, o que a originou foi a falta o amor, ou antes, o sentimento de ser amado! Por isso, a depressão, é considerada uma doença dos afectos.

A depressão pode ser episódica (acontece apenas uma vez na vida do indivíduo), recorrente (quando de vez em quando a pessoa deprime e vai-se abaixo, tendo porém períodos em que está bem) ou crónica (quando a pessoa está sempre deprimida, conduzindo a uma diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia.

Mas o que é afinal a depressão?

A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.

A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.

Afecta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.•

Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda.

A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

O procurar ajuda atempadamente, de um psicólogo ou psicoterapeuta, poderá minimizar de imediato um sofrimento inimaginável para as pessoas sadias, e é sem dúvida a melhor forma de prevenir o agravamento dos sintomas.

No entanto, acho pela minha experiência clínica que o facto de se falar tanto na depressão, e sendo mesmo considerada a doença do Século , parece-me não existir, ainda, um esclarecimento correcto acerca dela.

Existem alguns mitos e falsas crenças sobre a depressão, muitas vezes vista como um sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

Assim, quando alguém diz que está deprimido, ou se refere a alguém deprimido dá um tom de pouca importância ao assunto, e reforça que a pessoa precisa de ter força de vontade como se isso bastasse para o curar.

Ninguém se cura, de uma depressão, só com força de vontade e com pensamentos positivos.

Isto faz com que muitos casos que me chegam já estejam ou acamados, sem já conseguir funcionar nem trabalhar. Outros com muita vergonha, como se fossem uns fracos por estar a pedir ajuda!

É importante salientar e interiorizar que a depressão é uma perturbação mental séria, que ocorre desde a 1ª infância à 3ª idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão.

No caso das crianças e adolescentes, quanto mais cedo iniciar uma psicoterapia, mais probabilidades tem de na vida adulta vir a ter uma vida normal e sem sofrimento.

Neste caso o papel dos familiares é fundamental. Muitas vezes o doente deprimido, já não tem força nem vontade para nada. Não acredita em solução para a sua vida e para os seus problemas, já não tem força para procurar ajuda.

Quando a pessoa precisa de ajuda e resiste a ir a uma consulta, os familiares poderão marcar consulta em conjunto (pais/ filhos pequenos ou adolescentes, maridos/ esposas, etc), sendo a consulta para a família e, deixar ao psicoterapeuta a tarefa de “ convencer” a pessoa a iniciar um tratamento.

É pois, urgente aprender a reconhecer a depressão como uma doença e não como uma fraqueza, como uma “ personalidade fraca” como me dizem alguns pacientes, e pedir ajuda especializada quanto antes!

É possível prevenir a depressão?

Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

Como se trata a depressão?

A Psicoterapia é fundamental no tratamento da depressão tendo muitas vezes, numa fase inicial de ser coadjuvada com a terapia farmacológica.

A Psicoterapia é fundamental para ajudar a pessoa a encontrar dentro de si recursos necessários para lidar com os acontecimentos geradores de tensão e ansiedade, assim como a diminuir o seu sofrimento, aumentar o seu bem – estar consigo próprio e com a vida!



A Psicoterapia é a forma cientificamente comprovada de obter resultados duradouros na perturbação depressiva.

sábado, 20 de setembro de 2014

Tristeza ou Depressão?


A tristeza é uma reacção normal e saudável a qualquer infortúnio.

A maioria, se não todos, os episódios mais intensos de tristeza da nossa vida são originados por condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, da pessoa amada, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos entre outros problemas que nos surgem ao longo do dia-a-dia e da nossa vida.

E isto acontece tanto nas crianças, como nos jovens como inevitavelmente nos adultos.

Uma pessoa triste sabe quem (ou o que) perdeu e está triste porque gostava de voltar à situação anterior, o que nem sempre acontece ou é possível.

Ficar triste por perda da saúde, ou de um casamento, ou da perda de alguém querido, numa fase inicial, não é depressão, é tristeza, embora os sintomas possam ser idênticos.

Ainda assim, por vezes poder-se-á sentir triste durante algum tempo quando algum problema adverso surge na sua vida.

Porém, o que se espera é que após um acontecimento que nos deixa muito triste, passado algum tempo, máximo seis meses, sejamos capaz de ultrapassar essa tristeza e retomar o nosso bem-estar emocional, ultrapassando essa tristeza.

Se tal não acontece, e se mesmo antes deste tempo, surgem outros sintomas (pelo menos mais dois) associados, então estamos a deprimir.

Desta forma, podemos dizer que o que distingue a depressão da tristeza é a continuidade desta tristeza por demasiado tempoe o surgimento de outros sintomas associados tais como:

• Alteração do apetite (falta ou excesso de apetite);
• Perturbações do sono (sonolência ou insónia);
• Fadiga, cansaço e perda de energia;
• Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
• Falta ou alterações da concentração e da memória;
• Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
• Desinteresse, apatia e tristeza;
• Alterações do desejo sexual;
• Irritabilidade;
• Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, vómitos, enxaquecas, entre outros.

No entanto importa referir que se é verdade que muitas depressões, são o que nós chamamos “depressões reactivas”, ou seja são uma reacção a acontecimentos de vida, como atrás referi, também é verdade que existem outras depressões, e estas começam geralmente na infância e adolescência, em que o que está por detrás é a falta de amor, ou antes, faltou o sentimento e a segurança de ser amado. A pessoa tem uma tristeza profunda, mas não sabe a sua origem. A tristeza faz parte do indivíduo, da sua forma de ser. Sempre se conheceu assim.

Neste último tipo de depressão, o que a originou foi a falta o amor, ou antes, o sentimento de ser amado! Por isso, a depressão, é considerada uma doença dos afectos.

A depressão pode ser episódica (acontece apenas uma vez na vida do indivíduo), recorrente (quando de vez em quando a pessoa deprime e vai-se abaixo, tendo porém períodos em que está bem) ou crónica (quando a pessoa está sempre deprimida, conduzindo a uma diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia.

Mas o que é afinal a depressão?

A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.

A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.

Afecta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.•

Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda.

A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.

O procurar ajuda atempadamente, de um psicólogo ou psicoterapeuta, poderá minimizar de imediato um sofrimento inimaginável para as pessoas sadias, e é sem dúvida a melhor forma de prevenir o agravamento dos sintomas.

No entanto, acho pela minha experiência clínica que o facto de se falar tanto na depressão, e sendo mesmo considerada a doença do Século , parece-me não existir, ainda, um esclarecimento correcto acerca dela.

Existem alguns mitos e falsas crenças sobre a depressão, muitas vezes vista como um sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

Assim, quando alguém diz que está deprimido, ou se refere a alguém deprimido dá um tom de pouca importância ao assunto, e reforça que a pessoa precisa de ter força de vontade como se isso bastasse para o curar.

Ninguém se cura, de uma depressão, só com força de vontade e com pensamentos positivos.

Isto faz com que muitos casos que me chegam já estejam ou acamados, sem já conseguir funcionar nem trabalhar. Outros com muita vergonha, como se fossem uns fracos por estar a pedir ajuda!

É importante salientar e interiorizar que a depressão é uma perturbação mental séria, que ocorre desde a 1ª infância à 3ª idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão.

No caso das crianças e adolescentes, quanto mais cedo iniciar uma psicoterapia, mais probabilidades tem de na vida adulta vir a ter uma vida normal e sem sofrimento.

Neste caso o papel dos familiares é fundamental. Muitas vezes o doente deprimido, já não tem força nem vontade para nada. Não acredita em solução para a sua vida e para os seus problemas, já não tem força para procurar ajuda.

Quando a pessoa precisa de ajuda e resiste a ir a uma consulta, os familiares poderão marcar consulta em conjunto (pais/ filhos pequenos ou adolescentes, maridos/ esposas, etc), sendo a consulta para a família e, deixar ao psicoterapeuta a tarefa de “ convencer” a pessoa a iniciar um tratamento.

É pois, urgente aprender a reconhecer a depressão como uma doença e não como uma fraqueza, como uma “ personalidade fraca” como me dizem alguns pacientes, e pedir ajuda especializada quanto antes!

É possível prevenir a depressão?

Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

Como se trata a depressão?

A Psicoterapia é fundamental no tratamento da depressão tendo muitas vezes, numa fase inicial de ser coadjuvada com a terapia farmacológica.

A Psicoterapia é fundamental para ajudar a pessoa a encontrar dentro de si recursos necessários para lidar com os acontecimentos geradores de tensão e ansiedade, assim como a diminuir o seu sofrimento, aumentar o seu bem – estar consigo próprio e com a vida!



A Psicoterapia é a forma cientificamente comprovada de obter resultados duradouros na perturbação depressiva.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

A Dor na Perda de Um Filho




A perda de um filho é uma dor, a meu ver e pela minha prática clínica, dificilmente ultrapassável. Diria mesmo que é uma das perdas nas quais não é possível fazer um luto.
O que os pais fazem muitas vezes é encontrar estratégias para funcionar, levar a sua vida (os que o conseguem) mas emocionalmente a ferida continua aberta.

A perda de um filho é uma “ferida impossível de cicatrizar”.
E isto porque a perda de um filho é um acontecimento contra a lei e ordem natural da vida, e os pais que ao conceberem um filho vêem neles a sua continuidade, quando perdem um filho perdem parte de si também!

Importa distinguir, porém, a perda de um filho por morte ou por desaparecimento.

Ambas são perdas inultrapassáveis, porém os mecanismos psicológicos são diferentes numa e noutra perda.

Na morte de um filho, há um fim para aquele que parte. A dor é terrível, mas os pais podem velar, podem chorar, podem fazer a despedida e enfrentar a morte ou a partida do filho. Sabem o que lhe aconteceu, a perda é real, concreta. E Isto dá-lhes a oportunidade, e obriga-os, por mais doloroso que seja a enfrentar a realidade e como tal dá-lhes a possibilidade de fazerem esse luto e transformar essa dor.

Na perda de um filho por desaparecimento, o processo a nível mental é bem mais doloroso, porque aqui não é possível fechar o ciclo, fazer o luto, nem recomeçar uma nova vida. A vida dos pais fica suspensa. Não podem desistir, nem perder a esperança, porque não sabem o que aconteceu, e se a morte é real ou não. Se desistirem é como se estivessem a abandonar o filho, porque existe a hipótese mesmo que remota de que o filho pode estar vivo. Enquanto os pais não puderem “ver o corpo” do filho, e realmente confirmarem a perda, não conseguem parar este processo. Não podem desligar-se de um filho, “enterrá-lo”, fazer o luto, sem a certeza de que está vivo ou morto. Nestes casos, a vida dos pais fica suspensa numa procura permanente e ostensiva do filho. Nestes casos não é mesmo possível ultrapassar a perda.

A ajuda de técnicos especializados, psicólogos, psicoterapeutas, assim como os grupos de apoio com o mesmo tipo de dor, são fundamentais para ajudar os pais a fazer a sua caminhada na dor e a gerir de uma forma mais pacífica as suas emoções evitando desta forma a desorganização total destes pais.

Que tipo de sentimentos desperta esta situação na família?

O tipo de sentimentos que a perda de um filho desperta no seio da família depende de vários factores, tais como: o tipo de morte (morte súbita por acidente, morte por doença prolongada, suicídio, etc), ou desaparecimento; e depende também e obviamente do tipo de relações e proximidade entre os elementos da família.

De qualquer forma, uma forma mais global, a perda de um filho provoca sempre um desequilíbrio no sistema familiar.
A perda de um filho provoca sentimentos de raiva, culpa, tristeza, depressão, desejo de abandono da vida, que cada um dos elementos sente não só dentro de si, como projectam nos outros elementos da família, criando alguma tensão familiar.

Vários estudos apontam que grande percentagem de pais que perdem um filho acaba por se divorciar. Este aspecto pode não só ter a ver com as acusações recíprocas que podem ocorrer, mas também uma forma de fugir daquela realidade, do contexto onde existia um ser que agora não está mais presente. É como se a separação lhes permitisse apagar o passado e recomeçar de novo.

Um dos acontecimentos que se verifica nas famílias, é o silêncio, o vazio, a perda da capacidade de comunicação, não conseguem falar sobre o acontecimento, sobre o que sentem. Este isolamento provoca um grande sentimento de solidão e distanciamento entre os elementos da família numa fase em que mais do que nunca deveriam estar unidos.

Claro que este desligamento não é intencional, mas é muitas vezes uma forma de mostrarem aos restantes elementos da família que estão a conseguir ultrapassar, que não dói, com receio de despertarem a dor um nos outros. O que não é real, porque é inevitável que num processo de luto todos estejam a sofrer e mais saudável do que “abafar a dor” é exteriorizá-la, partilhá-la, porque aí quer pais quer irmãos, sabem que não estão sós na sua dor, que faz parte do processo, e poder-se-ão abrir e receber ajuda uns dos outros.

O desenvolvimento de sentimentos de culpa é inevitável?

Sim. È inevitável que todos se questionem, se ponham em causa, o que poderiam ter feito ou evitado que a situação acontecesse.

E obviamente que dependendo das circunstancias em que aconteceu a culpa é maior ou menor, e a pessoa consegue ou não ultrapassar a situação.

Mais uma vez, também aqui ajuda especializada é fundamental. Pois muitas vezes a interiorização da culpa pode dar origem a processos de auto-destruição: consumo abusivo de álcool, sobre medicação, entre outras.

No caso de uma família que perde um filho, o que acaba por acontecer aos restantes? Existe um desligamento do filho que fica?

Numa família com mais de um filho, a perda de um dos filhos, altera toda a dinâmica familiar e traz obviamente consequências para o filho que fica, porque inevitavelmente, os pais “perdidos na sua dor” acabam por ter pouca disponibilidade afectiva e emocional para dar atenção ao filho que fica.

No caso de desaparecimento de um filho este acontecimento é muito evidente, os pais tão absorvidos pela busca do filho que perderam, todas as suas forças e energias ficam canalizadas para o acontecimento, “esquecendo-se” um pouco das necessidades do filho que fica. E isto deixa muitas vezes marcas nos filhos que ficam, que por vezes sentem que não há espaço para eles no pensamento, nem na vida, nem no coração dos pais, colocam mesmo em causa o que representam para os pais, o que os pais sentem por eles, como se só irmão existisse no pensamento dos pais. Nestes processos, é fundamental que os pais tomem consciência deste facto para que consigam de alguma forma minimizar os seus efeitos. A presença de alguém da família, os avós por exemplo, presente no seio familiar, disponível para este filho que fica, pode também ajudar a minimizar, desta ausência afectiva dos pais.

Que tipo de consequência surgem em pais que perdem um filho?

A dor enorme produzida pela perda de um filho dificilmente ultrapassável conduz muitas vezes, se não houver ajuda de psicólogos ou psicoterapeutas a uma detiorização da saúde mental conduzindo a depressões profundas, a uma desistência da vida e por vezes a uma retirada total da realidade.

Em média quanto tempo poderão demorar a ultrapassar esta situação?

Como já referi a perda de um filho é uma ferida que é para toda a vida, porém é importante que embora emocionalmente a ferida continue por toda a vida, os pais consigam recomeçar a funcionar. NO fundo é importante que passado algum tempo, diria que entre os 6 meses e um ano após o incidente, os pais consigam retomar as suas rotinas diárias, o seu trabalho, a sua vida social.

Se isto não acontecer é importante pedir ajuda, porque significa que não estão a conseguir ultrapassar a dor e correm o risco de ficar “presos” nessa dor. Nestas condições, e se não houver ajuda, começam a surgir condições para que a doença mental se instale, e se inicie um processo de desorganização mental. È a entrada no chamado “Luto Patológico”.

A Esperança acaba por ser um mecanismo psicológico de refúgio?

Não diria que a esperança seja um espaço de refúgio, mas é aquilo que é possível a qualquer pai e a qualquer ser humano fazer quando não tem a certeza do que aconteceu.

Estatisticamente, quando um filho desaparece, a probabilidade de ele estar vivo, num outro qualquer lugar, é tão real e igual ou mesmo superior do que ele estar morto. Como tal, não é coerente internamente para qualquer pai, deixar de acreditar que não é possível encontrar o seu filho ou desistir de procurar, porque isto significa abandonar o seu filho, e este fenómeno vai contra os instintos paternais de protecção da sua cria. No fundo os pais continuam a lutar até chegarem a uma certeza.

Como vêem as crianças o desaparecimento de amigos da mesma idade? Pode criar algum trauma nas crianças?

As crianças têm uma maior flexibilidade na sua organização mental e há coisas de que ainda não têm muita consciência, entre elas a questão da morte.

Claro, que surgem na criança muitas questões, dúvidas, mas a sua capacidade de integração da realidade é relativa e portanto, ficam pensativas, fazem perguntas, ficam tristes, mas passado algum tempo, ultrapassam a situação sem qualquer trauma.

Que impacto têm casos como o desaparecimento de Maddie na sociedade? Que tipo de reacções cria nas pessoas? Nomeadamente medo nas crianças?

Penso que casos como Maddie nos fazem a todos pensar seriamente no assunto, no que sentiríamos enquanto pais na mesma situação, na maldade que existe no mundo, e como é que é possível estas coisas acontecerem. Desperta os nossos medos, traz ao cimo as nossas inseguranças, e faz-nos aumentar as nossas defesas.

As crianças também ouvem e se questionam, mas rapidamente esquecem e ultrapassam a situação. Os medos e as inseguranças só permanecem nas crianças se os adultos à sua volta também insistem em lhe passar a mensagem de um mundo assustador e de adultos que fazem mal às crianças e isto obviamente não é saudável para nenhuma criança. È fundamental que as crianças tenham uma imagem segura e tranquila do mundo à sua volta, e que tenham a certeza de que nada lhes acontece porque têm adultos suficientemente fortes e protectores à sua volta que os protegem das coisas más.

Muitas vezes os adultos tentam proteger as crianças alertando-as para os perigos e falando-lhes das coisas más para que elas tenham atenção e cuidado: Porém o que acontece é que a criança não tem capacidade para gerir estes aspectos internamente e vai desenvolver medos e vai crescer assustada, o que não é nada saudável numa criança

Encontro para Pais de Jovens com Doença Mental Severa | Sábado, 4 de outubro | Lisboa- Presencial

INSCRIÇÕES*: Queridos Pais Ser pai ou mãe de um jovem com perturbação borderline, bipolaridade ou comportamentos suicidários é u...

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